Os riscos do
sobrepeso para animais de estimação
Um pedaço de linguiça aqui, uma guloseima ali: muitos donos
acabam exagerando na hora de alimentar o animal de estimação, causando
obesidade e doenças. Entenda por que não se deve conquistar o pet pelo
estômago.
Sobrepeso e obesidade podem causar problemas nas juntas, diabetes e doenças cardiovasculares, entre outros males (Foto: Jonasz/Wikimmedia Commons) |
Se visto de cima, seu labrador, pug ou gato
parecer um tonel, você precisa admitir que seu animal de estimação está gordo
demais. Na Alemanha, por exemplo, entre 40% e 60% dos pets estão acima do peso,
e a tendência dessa taxa é de alta.
Assim como acontece com os humanos, gordura
demais é mais que um problema meramente estético. Os fiéis companheiros sofrem
cada vez mais com problemas causados por sobrepeso e obesidade. Os quilos a
mais são, literalmente, um peso na vida dos bichos. Paradoxalmente, o principal
motivo para o sobrepeso do animal doméstico é uma estranha expressão de amor.
"Alimentar o animal de estimação é uma
necessidade humana", diz Kathrin Irgang, veterinária e consultora de
nutrição para cães, gatos e cavalos. "Muitos donos expressam o seu amor
pelo bichinho dessa forma e, por isso, nem querem saber de dar menos
comida", explica.
Com a comida em excesso, diz Irgang, os animais
que mais engordam são os mais velhos e os castrados, cujo metabolismo ficou
mais lento, ou os que só conseguem se movimentar de forma restrita devido a
problemas nas juntas.
Além do amor expressado de maneira equivocada,
a falta de limites e a ignorância são fatores decisivos na hora de alimentar o
pet. "Em algumas casas, a tigela de comida está sempre cheia. Assim, não
dá para saber o quanto exatamente o animal comeu durante o dia", alerta a
veterinária.
De boas intenções...
Irgang diz que a obesidade dos animais
domésticos é uma problema de luxo, e as consequências também são as mesmas que
para os humanos. Problemas já existentes nas juntas de cães e gatos ficam
maiores com o sobrepeso, por exemplo. Muitos bichos desenvolvem diabetes.
Irgang diz já ter visto gatos tão gordos que não conseguiam mais alcançar todas
as partes do corpo quando queriam lambê-las para limpá-las – o que causou
infecções cutâneas.
As doenças cardiovasculares também estão
aumentando. Segundo a experiência da veterinária, cachorros, gatos e cavalos
são os animais domésticos que mais sofrem com o sobrepeso e seus efeitos.
Apesar de os animais darem sinais claros de que
sofrem com o excesso de gordura, muitos donos costumam resistir a mudanças no
comportamento. De acordo com Irgang, o maior desafio é deixar claro para os
donos que seu pet tem um problema sério.
"Sempre tento argumentar com o Body
Condition Score (BCS)", diz a consultora, referindo-se a uma escala usada
para avaliar a condição física de animais – especialmente gado.
Com a ajuda da escala, tanto veterinários
quanto amadores podem reconhecer o acúmulo de gordura no tronco do animal
doméstico, avaliando se o pet está gordo demais. Seguindo esse método, as
costelas do animal também devem poder ser tocadas sem grande dificuldade.
Olhando de lado, a barriga precisa traçar uma linha para cima entre o tórax e o
quadril – e não estar "pendurada" para baixo. E, olhando de cima, o
animal não pode parecer um tonel, e sim ter uma cintura definida para passar no
teste.
Dieta por amor
Num primeiro momento, Irgang passa lições de
casa aos donos dos pets. Preenchendo um formulário, as pessoas precisam listar
exatamente o que dão de comer aos animais durante o dia. "Muita gente
acaba 'esquecendo' as guloseimas", diz a veterinária. Porém,
frequentemente essas são as maiores bombas calóricas, segundo a especialista.
Em seguida, ela elabora um plano de nutrição e
de atividades físicas para o pet. Mas, também aqui, nada funciona sem a
disposição do dono de realmente ajudar o bicho – não adianta nada ter a mais
ambiciosa das metas se o plano é abandonado já duas semanas depois do início.
"A dieta do animal sempre tem que ser
adaptada ao dia a dia dos donos", explica Irgang, que destaca que o
processo de emagrecimento é individual. "Muitos animais têm queixas
extras, como alergias a certos tipos de alimento, que precisam ser levadas em
consideração na escolha da comida", diz.
Basicamente, aqui também vale o mesmo princípio
que vale para os humanos: uma combinação de exercícios com comida saudável faz
com que o animal volte a entrar em forma. Além disso, é preciso ser
persistente. "Entre três e seis meses são um período realista para uma
dieta", avalia a veterinária.
Fonte: G1 Natreza
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