Quase 80% das operações de crédito no Brasil estão nas mãos de
quatro bancos
Pesquisa do Banco Central afirma que Bradesco, Itaú, Caixa
e Banco do Brasil concentram elevada fatia do setor de crédito no mercado.
Quase 80% das operações de crédito no Brasil estão nas mãos
de apenas quatro grandes bancos: Bradesco, Itaú, Caixa e Banco do Brasil. Este
é um dos dados trazidos pelo Relatório de Estabilidade Financeira (REF),
divulgado ontem pelo Banco Central. Os números, referentes ao encerramento de
2017, mostram ainda que o segmento bancário brasileiro está muito próximo do
limite que passa a considerar o ambiente como de “elevada concentração”.
O Banco Central sempre defendeu que há um atraso entre a
baixa da Selic e o recuo dos juros efetivamente cobrados pelos bancos. Ao mesmo
tempo, a instituição costuma pontuar que o nível de concentração no Brasil não
é diferente do visto em outros países, como os da Europa. Os EUA, que possuem
mais instituições, seriam uma exceção.
Essa semana, o REF mostrou que os quatro maiores bancos do
País concentram 78,51% das operações de crédito. Em dezembro de 2017, antes da
crise financeira global, este porcentual era de 54,68%. Neste período, o número
de bancos atuando no Brasil diminuiu em meio ao processo de fusões e aquisições
de instituições mais vulneráveis à crise.
O domínio dos quatro maiores bancos não se limita às
operações de crédito. Juntas, essas instituições controlam 72,69% dos ativos e
76,35% dos depósitos.
Um dos indicadores observados pelo próprio BC é o Índice de
Herfindahl-Hirschman (IHH), que mede a concentração econômica. Na área de
crédito brasileira, o índice está em 1.741, o que representa uma “concentração
moderada”. Mas se o índice ficar acima de 1.800, isso significará “elevada
concentração”. No fim de 2007, ele estava em 1.015.
O diretor de Fiscalização do BC, Paulo Souza, afirmou durante
apresentação do REF, que a instituição tem adotado medidas para que o spread –
a diferença entre o custo de captação dos bancos e o que é efetivamente cobrado
do consumidor – possa cair mais rapidamente. “Logicamente, um dos componentes
do spread é o próprio custo de captação. Neste ponto, a própria redução da
Selic (hoje em 6,50% ao ano) ajuda bastante”, afirmou o diretor. “Mas há outras
ações que o BC vem tratando”.
Entre essas ações, Moura citou as mudanças promovidas nos
compulsórios – a parcela dos depósitos que os bancos precisam,
obrigatoriamente, deixar no BC – e o projeto do novo cadastro positivo, que
tramita no Congresso. Por ele, será possível estabelecer um ranking em que os
bons pagadores, em tese, terão direito a taxas de juros mais baixas.
Fonte:
Estadão
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