Mulher do tucano e seu ex-chefe de
gabinete no estado também foram detidos
O
ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) foi preso nesta terça-feira, em
Curitiba, em novas ações da Operação Lava-Jato e do Ministério Público do
estado. A mulher do tucano, Fernanda Richa, e seu ex-chefe de gabinete no
estado Deonilson Roldo, também foram detidos. A defesa de Beto Richa informou
que ainda não teve acesso à investigação.
Candidato ao Senado
pelo PSDB no Paraná, Richa foi alvo de duas operações nesta terça-feira. Ele
foi detido por ordem da Justiça estadual, a pedido de promotores do Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-PR, que apuram
irregularidades em um programa de manutenção de estradas rurais no interior do
estado.
Já a segunda
operação contra ele é parte da 53ª fase da Lava-Jato, que investiga o suposto
pagamento de propina da Odebrecht em obras viárias do Paraná. Policiais
federais cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento do
ex-governador.
Na Lava-Jato,
a PF cumpriu 36 ordens judiciais em Salvador (Bahia), São Paulo (SP),
Lupianópolis (PR), Colombo (PR) e Curitiba (PR). A nova fase foi batizada de
"Operação Piloto" - referência ao codinome de Richa na lista de
propinas do Grupo Odebrecht. São três mandados de prisão e 33 de busca e apreensão,
28 só na capital paranaense.
O objetivo da
investigação é apurar um suposto pagamento de R$ 3,5 milhões em propina, em
2014, ao empresário Jorge Theiodocio Atherino. O dinheiro teria saído do Setor
de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht. A contrapartida seria um possível
direcionamento do processo de licitação para duplicação, manutenção e operação
da rodovia estadual PR-323.
O ex-diretor
do Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná, Nelson Leal Júnior, disse em
delação premiada, que Jorge e Richa são próximos e teriam investimentos
imobiliários em conjunto. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o esquema
de corrupção foi combinado com Richa e com seu ex-chefe de gabinete, Deonilson.
Segundo a PF,
as condutas investigadas podem configurar os delitos de corrupção ativa e
passiva, fraude à licitação e lavagem de dinheiro. Os presos serão conduzidos à
Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Em nota, os
advogados de Beto Richa informaram que "até agora não sabe qual a razão
das ordens judiciais proferidas. A defesa do ainda não teve acesso à
investigação."
Há cinco
dias, o juiz Sergio Moro autorizou o Ministério Público Federal e a Polícia
Federal a prosseguirem as investigações para identificar possíveis envolvidos
em esquema de corrupção no governo do Paraná. A decisão foi tomada após o
recebimento da denúncia contra o ex-chefe de gabinete do governo do estado.
Na denúncia,
os procuradores acusam Deonilson, ex-chefe de gabinete de Richa, e o empresário
Jorge de terem recebido R$ 3,5 milhões em propina na licitação para concessão e
obras da rodovia PR 323, vencida pelo consórcio Consórico Rota das Fronteiras,
liderado pela Odebrecht.
O esquema de corrupção foi descrito
pelo delator Leal Júnio:
"De um
lado José Richa Filho (irmão de Beto Richa) queria favorecer o Grupo Bertin,
enquanto Deonilson Roldo queria favorecer o Grupo Odebercht", afirma Moro
no despacho em que determinou a continuidade das investigações em novo
inquérito, separado da denúncia já apresentada contra Roldo e Atherino.
Moro afirma
que o delator aponta Beto Richa como sócio oculto de Atherino e sugere que
arrecações ilícitas feitas durante a gestão de Richa teriam servido para
investimentos em empreendimentos imobiliários.
Leal Júnior
disse que, a pedido de Beto Richa, Deonilson teria inclusive conseguido a
entrada no consórcio liderado pela Odebrecht das empresas Tucmann, Gel
Engenharia e America. O filho do dono da America, segundo ele, era assessor de
Richa. Em troca do favorecimento, essas empresas teriam se comprometido a
destinar um percentual do faturamento ao longo de 30 anos para o grupo
político.
Há cinco
dias, a defesa do ex-governador Beto Richa informou em nota que as as alegações
do Ministério Público Federal não apresentam qualquer sustentação e que não
houve recursos públicos, federais ou estaduais, aportados na licitação. Disse
ainda que Beto Richa " sempre pautou suas ações baseado nos princípios
legais".
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