A defesa do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva pediu ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal
Federal, na tarde desta segunda-feira (1°/10), que seja autorizada a entrada do
fotógrafo oficial do Partido dos Trabalhadores, Ricardo Stuckert, na
superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula está preso desde
abril.
No documento, a defesa pede
suspensão da decisão da juíza Carolina Moura Lebbos, da 12.ª Vara Federal de
Curitiba que negou, em julho, pedido do fotógrafo para que o ex-presidente Lula
participasse de entrevistas, além do acompanhamento do profissional.
No pedido, os advogados do
escritório Vernalha Guimarães e Pereira Advogados, co-autores da reclamação,
Luiz Peccinin, Maria Cláudia Bucchianeri e Fernando Neisser, afirmam de
conhecimento público que o fotógrafo ocupa o cargo de jornalista oficial do
ex-presidente há praticamente 15 anos . “Ao contrário de constituir qualquer
privilégio, a possibilidade de realização de entrevistas com o ex -presidente é
justificável pela própria relevância da situação de Lula no cenário nacional”,
afirma o documento.
O pedido para realização de
entrevista de pessoa pública que está em prisão provisória deve ser analisado
com base nas garantias constitucionais, especialmente a liberdade de imprensa,
o direito à informação, a liberdade de expressão e o direito de receber dos
órgãos públicos informações de interesse coletivo ou geral.
“A garantia à liberdade de
informação é ínsita à democracia. Não se comporta como via de mão única e não é
direito de fruição exclusiva dos veículos de informação, mas é direito
subjetivo de informação de qualquer cidadão acerca dos fatos relevantes e de
interesse para a formação de suas ideias e convicções. É pela liberdade de
expressão e manifestação que se torna possível a formação da vontade coletiva,
especialmente através do livre embate de ideias e da participação dos
indivíduos em assuntos relativos à coisa pública”, afirma o pedido.
Censura Prévia
A defesa afirma que enquanto
persistir o impedimento de acesso do fotógrafo oficial ao ex-presidente,
persiste a censura prévia e o impedimento do exercício de sua profissão
jornalística.
“A questão eleitoral aqui
não é central (o direito de entrevistar e ser entrevistado independe da
realização das eleições), mas também deve ser considerada. Há claro interesse
público e social em ouvir o que um dos maiores líderes políticos brasileiros
tem a dizer sobre o cenário político atual e sua própria condenação e prisão
provisória. Há seis meses Lula não se manifesta publicamente. Não se tutela aqui
interesse somente individual do fotógrafo, mas de toda a coletividade”, diz o
documento
Negado
Em julho, a juíza Carolina
Moura Lebbos, da 12.ª Vara Federal de Curitiba, negou pedido do fotógrafo para
que o ex-presidente Lula participasse de entrevistas. Stuckert havia recorrido
da decisão da magistrada, que, barrou Lula em debates e também vetou a saída do
ex-presidente da cadeia da Lava Jato para ‘participação presencial’ na
Convenção Partidária Nacional do PT.
Na ocasião, a juíza destacou
que "o fato de terem sido eventualmente realizadas entrevistas com outros
presos em regime fechado, pontualmente citados pelo agravante, de modo algum
poderia significar autorização genérica ou precedente vinculativo".
O advogado de defesa de
Lula, Luiz Peccinin, afirmou que “é apenas um pedido de autorização que já foi
concedida a outros veículos pelo ministro Lewandowski, em respeito à garantia
constitucional de liberdade de imprensa. É dar cumprimento ao que o STF já
decidiu, mas algo que, infelizmente, a 12ª vara federal de Curitiba tem se
recusado a fazer”.
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