Bolsonaro anuncia demissão de Ricardo Vélez Rodríguez e diz que Abraham Weintraub será o novo ministro da Educação
Conteúdo: G1
O presidente Jair Bolsonaro anunciou em uma rede social nesta
segunda-feira (8) a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez.
Bolsonaro informou também que o novo ministro será Abraham Weintraub (veja o
perfil no final desta reportagem).
Bolsonaro e Vélez tiveram uma reunião no Palácio do Planalto
nesta segunda, pouco antes do anúncio da demissão do agora ex-ministro.
"Comunico a todos a indicação do Professor Abraham
Weintraub ao cargo de Ministro da Educação. Abraham é doutor, professor universitário
e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta.
Aproveito para agradecer ao prof. Velez pelos serviços prestados", afirmou
o presidente.
Colombiano naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez tomou
posse no cargo em 1º de janeiro e enfrentava uma "guerra interna" no
MEC provocada por desentendimentos entre militares e seguidores do escritor
Olavo de Carvalho.
Na sexta-feira (5), em um café da manhã com jornalistas, o
presidente Jair Bolsonaro disse que o ministro poderia deixar o cargo nesta
segunda-feira (8). "Segunda-feira vai ser o dia do 'fico ou não
fico'", disse o presidente na ocasião.
Pouco depois da declaração do presidente, Velez, que
participava de um evento em Campos do Jordão (SP) declarou que não entregaria o
cargo.
No café, Bolsonaro também afirmou que não existe rivalidade
entre a ala ideológica do governo – influenciada pelo escritor Olavo de
Carvalho – e a corrente militar, composta por generais que integram altos
cargos no Executivo federal.
Nos dois meses e meio à frente do Ministério da Educação,
Ricardo Vélez Rodríguez colecionou uma série de polêmicas, entre as quais:
Disse que quer mudar os livros didáticos para revisar a
maneira como tratam a ditadura militar e o golpe de 1964.
Anunciou a demissão do secretário-executivo da pasta diante
da "guerra" no ministério. Depois trocou os substitutos e também
demitiu o presidente do Inep;
Pediu a escolas que filmassem alunos cantando Hino Nacional e
enviassem o vídeo ao MEC. Depois, voltou atrás;
Disse em entrevista que o brasileiro parece um
"canibal" quando viaja ao exterior. Depois, disse ter sido
"infeliz" na declaração;
Afirmou que a universidade não é para todos.
Além disso, desde o início da sua gestão, em janeiro, houve
pelo menos 14 trocas em cargos importantes no Ministério da Educação.
A demissão de Vélez Rodríguez é a segunda baixa no ministério
do governo Jair Bolsonaro.
Há cerca de um mês, o advogado Gustavo Bebianno deixou a
Secretaria-Geral após se envolver em uma crise com o vereador Carlos Bolsonaro
(PSC-RJ), filho do presidente Bolsonaro.
Novo
ministro
Weintraub, o novo ministro, já trabalhava no governo
Bolsonaro. Ele era secretário-executivo da Casa Civil, segundo cargo mais
importante dentro da pasta.
Weintraub atuou na equipe do governo de transição. Junto com
o irmão, Arthur Weintraub, foi responsável pela área de previdência no período.
Os dois foram indicados a Bolsonaro pelo ministro da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni.
O ministro da Casa Civil conheceu os irmãos Weintraub em um seminário internacional sobre Previdência realizado, em 2017, no Congresso Nacional.
Abraham Weintraub é formado em Ciências Econômicas pela
Universidade de São Paulo (1994) e atuou no mercado financeiro por mais de 20
anos. Entre os cargos que exerceu, foi sócio na Quest Investimentos, atuou como
diretor do Banco Votorantim e no comitê de trading da BM&F Bovespa (atual
B3).
Ricardo
Vélez Rodríguez
Nascido em Bogotá (Colômbia) e naturalizado brasileiro em
1997, o agora ex-ministro é autor de mais de 30 obras e professor emérito da
Escola de Comando do Estado Maior do Exército.
Vélez Rodríguez é mestre em pensamento brasileiro pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ); doutor em
pensamento luso-brasileiro pela Universidade Gama Filho; e pós-doutor pelo
Centro de Pesquisas Políticas Raymond Aron.
Em 7 de novembro, disse que havia sido indicado para o
Ministério da Educação pelo escritor Olavo de Carvalho.
"Aceitei a indicação movido unicamente por um motivo:
tornar realidade, no terreno do MEC, a proposta de governo externada pelo
candidato Jair Bolsonaro, de 'Mais Brasil, menos Brasília'", publicou à
época.
Ainda no blog, Vélez chegou a escrever um texto intitulado
"Um roteiro para o MEC" em que afirmava que o Ministério da Educação
tem como "tarefa essencial" recolocar os ensinos básico e fundamental
"a serviço das pessoas".
Na época em que o presidente Jair Bolsonaro estava fazendo as
indicações aos ministérios, chegaram a circular os nomes de Guilherme Schelb
(procurador da República) e de Mozart Ramos (diretor do Instituto Ayrton Senna)
para o Ministério da Educação.
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