Fraude de telefonia móvel
tem se tornado cada vez mais comum no país. Golpistas roubam a linha de
celular, entram em aplicativos de trocas de mensagens, se passam pelas vítimas
e enviam mensagens aos amigos que estão na lista de contatos para pedir
dinheiro.
Uma das vítimas contou que
teve um prejuízo de aproximadamente R$ 8 mil. Amigos caíram no golpe e fizeram
a transferência bancária. As vítimas pediram sigilo à reportagem e, por isso,
aparecerão com nomes fictícios para que as identidades sejam preservadas.

A princípio, João pensou que
se tratava de algum vírus. Porém, como o sinal não voltava, entrou em contato
com a operadora de telefonia móvel e, para sua surpresa, descobriu que a linha
não estava mais em seu nome e constava no CPF de uma outra pessoa.

Ainda sem sinal, João
decidiu, então, passar em uma loja da Claro para relatar o incidente. “Fiz todo
o procedimento e só depois disso fui para casa. Foi só aí que descobri que
nesse meio tempo os golpistas estavam se passando por mim”, contou. “Dois
amigos caíram na história que eles inventaram e transferiram o dinheiro.”
Os amigos de João
transferiram perto de R$ 5 mil. Mas o golpe não parou por aí. Com acesso a
todos os dados, os golpistas conseguiram também acesso à conta dele e fizeram
transferências bancárias. Somando o prejuízo dos amigos e o de João, o golpe
foi de R$ 8 mil.

A vítima – que precisou
trocar de número e acabou mudando de operadora – fez boletim de ocorrência
sobre a fraude, precisou ir mais vezes à operadora, mas ainda enfrenta um
problema: como a linha não está em seu CPF, não consegue bloqueá-la.
“O pior de tudo é que quando
ligo lá e passo meus dados, eles dizem que não podem bloquear a linha porque
não está no meu nome. E sempre que entro no WhatsApp, vejo que eles estão
online.”

“Recebi um SMS que seria o
próximo cliente a ser atendido no shopping Mogi das Cruzes. Li a mensagem e
pensei que tinham mandado para a pessoa errada. Depois de uma hora, mais ou
menos, perdi o sinal”, relata.
João – que trabalha com
tecnologia de celular – logo entendeu que se tratava de um golpe. “Tentei
autenticar a rede, mas nada dava certo. Achei estranho. Comecei a receber um
monte de mensagem do meu banco com baixa de aplicações e agendamento de
transferência para pessoas desconhecidas. Acionei o banco imediatamente e
bloqueei a minha conta.”

“Tive que ir até a loja da
Vivo, deram baixa, mas até agora não sabem me dizer como fizeram isso”, declarou.
“Tentei bloquear meu WhatsApp, meus amigos começaram a me mandar mensagens e,
que eu saiba, nenhum deles caiu no golpe.”
João disse à reportagem que
não teve documentos furtados nem roubados e, por isso, não sabe como os
golpistas tiveram acesso aos seus dados. A vítima ainda contou que escapou do
prejuízo financeiro por pouco.
“Uma semana antes estava de
férias e viajando. Não estaria no Wi-Fi e eles teriam conseguido fazer o
golpe.”
Como não teve prejuízo
financeiro, a vítima diz acreditar que o caso vai ficar sem solução.
“Fiz BO, mas é frustrante
porque eu sei que ninguém vai fazer nada. Como não conseguiram pegar dinheiro,
acho que ninguém vai atrás”, reclama.

Ainda de acordo com o
Procon, “ao final das investigações, caso a autoridade entenda pela
responsabilidade técnica da operadora de telefonia, do aplicativo ou de
terceiros, a responsabilidade poderá ser imputada a um destes, dependendo de
uma análise apurada de cada caso.”
Como se prevenir
Marcelo Lau, coordenador do
MBA em Cibersegurança da FIAP (Faculdade de Informática e Administração
Paulista), falou que a fraude já existe há, pelo menos, dois anos. Porém, os
casos estão aumentando nos últimos tempos.
De acordo com Lau, o golpe
“se baseia, de fato, em desabilitar os dados de um celular e habilitá-lo
temporariamente em outro”. Lau diz que só existe uma maneira de perceber o
golpe imediatamente: ausência de sinal da operadora.

Ainda segundo ele, o que se
sabe até o momento é que, na maioria das vezes, as pessoas que cometem o crime
fazem parte de times de call center ou estão dentro da própria operadora.
“Eles transferem normalmente
a linha e têm acesso ao número. Com isso, se aproveitam de senhas enviadas por
SMS e, claro, também se utilizam para fazer o golpe em bancos e pedir dinheiro
por WhatsApp”, explica. “Acabam fazendo empréstimos, transferências e,
realmente, conseguem tirar dinheiro dessa maneira”, completa.

Como o cliente não consegue
evitar o golpe por meios próprios – seja com aplicativos de segurança ou não
clicando em links sem credibilidade, uma vez que é feito por pessoas que
trabalham em call center ou nas operadoras – Lau orienta a usar os métodos de
segurança dos aplicativos.

Ainda segundo Lau, os
métodos mais seguros são os que enviam notificações pela tela do celular.
Para as vítimas donas das
linhas, o professor orienta a troca de todas as senhas dos aplicativos no
smartphone. Porém, é preciso cuidado redobrado ao realizar as alterações. “Só
precisa prestar atenção para que não sejam senhas que precisam ser confirmadas
por SMS, porque senão você troca de senha e o golpista que ainda está com a sua
linha vai ter a nova senha também.”

Para concluir, Lau aconselha
a usar o Google Authenticator, um serviço gratuito que gera códigos para a
verificação em duas etapas no smartphone.
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