Médica explicou que a forte
musculatura abdominal da mãe fez com que o útero crescesse, mas não estufasse
para fora.
Foto: Arquivo pessoal/Arthur
Felipe Wogram
O casal Lana Maria Wigand e
Arthur Felipe Wogram, ambos de 27 anos, descobriu a gravidez 19 dias antes de o
bebê nascer, em Curitiba. O filho Gabriel veio ao mundo em 23 de abril, com 47
centímetros e três quilos.
Segundo eles, a gravidez foi
totalmente inesperada, já que a Lana não teve nenhum sintoma de gestação. Além
disso, ela estava com o ciclo menstrual regular e usava anticoncepcional.
Tudo começou quando ela foi
a um gastroenterologista, com problemas de intestino preso. Ele a examinou e
receitou um laxante para cólica intestinal. Lana pensou que os quatro quilos
que tinha engordado era pelo fato de ter parado de treinar e não estar cuidando
muito bem da alimentação.
No dia 4 de abril, Lana
resolveu procurar outro médico, dessa vez um ginecologista, isso porque o fluxo
dela veio um pouco diferente, e durou apenas dois dias.
No meio do expediente de
trabalho, ela saiu em horário de almoço para "resolver rapidinho"
essa questão. Mal sabia que aquela consulta mudaria para sempre a vida.
"Eu não ia à
ginecologista há um ano, e como já tive cistos na adolescência, fiquei
preocupada. Chegando lá, a médica foi apertando minha barriga e, espantada,
falou que eu estava muito, mas muito grávida", lembrou a mãe.
A cólica na verdade sempre
foi o Gabriel se mexendo. A altura uterina dela media 32 centímetros, que é
compatível com oito meses gestação.
Barriga da Lana no dia em
que descobriu a gravidez, com oito meses de gestação — Foto: Arquivo
pessoal/Lana Maria Wigand
Explicação médica
Conforme a médica
ginecologista e obstetra Flavia Martins Vieira Bueno, como Lana sempre usou
anticoncepcional oral com pausa curta, já costumava ter uma menstruação
escassa. Então, o fluxo diminuiu e ela não percebeu a diferença. Foi se alarmar
quando reduziu a quase zero nos últimos dois meses.
“Lana é muito magra e sempre
fez atividade física, com isso a forte musculatura abdominal fez com que o
útero crescesse mas não estufasse pra fora da barriga. O bebê cresceu
pressionando os órgãos internos, o que potencializou os sintomas de gases,
azia, constipação intestinal. Ela se sentia muito estufada mas não achava que
era um útero gravídico, e sim gases", explica a médica.
Ainda segundo Flávia, esses
casos não são comuns, mas também não são tão raros. Ela diz ainda que sempre
existem riscos dessa demora da descoberta, mas isso é muitas vezes inevitável.
“Como não existe método
anticoncepcional 100% seguro ela engravidou tomando a pílula. Em todos os casos
que acompanhei as pacientes referiam estar passando por um período de estresse
intenso e com isso não perceberam as mudanças no corpo”, disse.
A notícia
Chegando em casa, Lana tinha
a missão de contar a notícia para o namorado. "Não tinha desconfiança
nenhuma, e sai do hospital com a carinha do meu filho impressa no exame. Sai de
lá sabendo que seria um menino", contou ela.
Em casa, ela pediu para ele
sentar porque tinha um assunto sério para tratar. Segundo ela, Arthur pensou
que viria uma notícia de doença.
"Quando mostrei o exame
ele ficou radiante. Depois, quando disse que nasceria no mês seguinte, ele
ficou olhando para a estante, completamente sem reação", lembra Lana.
Arthur contou que não via a
hora de contar a grande novidade para todo mundo.
"Tem coisas que a gente
controla, coisas a gente influencia, outras que a gente determina. Mas tem umas
coisas que não, que simplesmente acontecem", disse ele.
Dia do nascimento
Depois de contarem a notícia
para os familiares e amigos, todos ficaram na expectativa da chegada do bebê.
Conforme a médica, era para
Gabriel nascer entre os dias 5 e 15 de maio, mas, em uma nova surpresa, ele
decidiu vir no dia 23 de abril.
"Estávamos calmos, eu
estava trabalhando, a Lana estava em um treinamento de como era o processo, por
onde ela entrava no hospital e tudo mais. Ela voltou para casa e rompeu a
bolsa. No hospital, tinha grávida de seis meses com a barriga maior que a
dela", disse o pai.
Os médicos explicaram ao
casal que, como Lana não tinha dilatação suficiente para realizar o parto
normal, era preciso fazer uma cesárea. Segundo eles, em questão de 10 minutos o
bebê saiu.
“Gabriel nasceu na mesma
maternidade que eu nasci em Curitiba. Ele tem os olhos do pai e a boca da mãe”,
lembrou Arthur.
"Era para ser"
No final do ano passado, os
dois queriam comprar uma nova casa. Durante a pesquisa de imóveis sempre
buscavam aquela que tivesse um quarto a mais.
"Queríamos um
escritório junto com o estúdio de música. Compramos a casa e nunca conseguimos
ajeitar direito, parecia que na verdade não era para ser lugar disso, mas sim o
quartinho do nosso filho", contou o pai.
Outra coincidência, ou
destino, foi na compra do carro. Arthur queria um carro hatch – compacto,
esportivo – mas tudo o levava a compra de um sedan.
"No fim, comprei mesmo
um carro grande, com muito porta-malas. Ainda brinquei com a Lana: 'parece
carro de família'. Deus devia estar assistindo nossa vida e comendo uma
pipoquinha. Era para ser", brincou Arthur.
Solidariedade
Como eles só tiveram 19 dias
para organizar tudo, contaram com a ajuda de muita gente. O casal disse que
recebeu doações de todos os tipos, desde o berço, até banheira e carrinho de
bebê.
“Foi um ‘enxoval express’. O
bebê não tem roupinhas de marca conhecida ou móveis combinando, mas tem o que
importa que é o amor. Estamos vivendo esse momento”, relatou Lana.
Eles ainda realizaram um chá
de bebê, mas como foi dentro de um bar, batizaram de chá de beber. A intenção
do evento era justamente arrecadar dinheiro para ajudar nos custos com a chegada
do novo integrante.
"Cerca de 200 pessoas
foram convidadas. Tudo foi bem colaborativo, alguns amigos venderam cookies,
brigadeiros. O dono do estabelecimento disponibilizou doses de shots, com o
valor do revertido para nós. Somos muito abençoados", disse o pai.
Além do chá, outro evento
está marcado para sexta-feira (3) para auxiliar o casal. O evento ocorrerá em
um bar no Batel, Curitiba. Os ingressos serão vendidos a partir de R$ 10 e todo
o valor será entregue para compra de fraldas e outros produtos.
"É tanta gente bacana
ao nosso redor. Lana teve a melhor gestação da história, não teve dor, não teve
barrigão, estresse, desejo, náuseas, nada. Virei pai em 19 dias. Estou
realizado e muito feliz", concluiu Arthur.
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