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O
secretário-especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia,
Rogério Marinho, afirmou na noite desta quinta-feira (9) no Rio de Janeiro que
as chamadas normas regulamentadoras (NRs) de segurança e saúde no trabalho vão
passar por um "amplo processo de modernização".
De acordo com
ele, toda a normatização na área de saúde e segurança no trabalho está sendo
revista, com foco na desregulamentação, na simplificação e na
desburocratização. Ele avaliou que as regras atuais prejudicam a produtividade
das empresas.
"Hoje, há
custos absurdos em função de uma normatização absolutamente bizantina,
anacrônica e hostil”, disse ele, na abertura da 31ª edição do Fórum Nacional do
Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae).
Marinho
acrescentou que trazer investimentos para o Brasil requer um ambiente
"propício, acolhedor e saudável para quem vai empreender".
O que será revisto
De acordo com
o Ministério da Economia, a primeira norma a ser revista será a NR-12 – que
trata da regulamentação de maquinário, abrangendo desde padarias até fornos
siderúrgicos. A previsão do governo é de que essa alteração seja entregue em
junho.
Rogério
Marinho acrescentou, porém, que a "modernização" atingirá todas as
NRs e outras regras.
"Existem
quase cinco mil documentos infralegais, portarias, instruções normativas,
decretos da década de 1940 que ainda são utilizados para nossa fiscalização, de
forma arbitrária”, declarou.
Com as
alterações, disse o secretário do Ministério da Economia, também devem ser
uniformizados os procedimentos, para evitar diferenças na fiscalização entre os
Estados. “Hoje, não há uniformização de procedimentos, não há nitidez nesse
processo, não há clareza e não há transparência”, acrescentou ele.
O Ministério
da Economia informou que um pequeno empresário chega a ser submetido a 6,8 mil
regras distintas de fiscalização. "É impossível que ele entenda e se
adeque a essas regras. Nossa ideia é reduzir isso em 90%", disse o
secretário Rogério Marinho.
Ministério Público do Trabalho
De acordo com
o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) e coordenador nacional de
Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, Leonardo Osório, o governo tem o poder de
acabar, de forma unilateral, apenas com as normas regulamentadoras que foram
criadas apenas pelo próprio governo.
Osório
explicou que as normas que foram criadas por meio de comissões tripartites,
formadas por governo, os patrões e os empregados, poderiam ser revogadas
somente de forma negociada entre as partes envolvidas. Segundo ele, esse
mecanismo está garantido em uma convenção da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil.
"As
normas de segurança nunca deixaram de ser discutidas. O Ministério Público do
Trabalho sempre discutiu as normas regulamentadora de acordo com postulação de
empregados e empregadores. Há uma discussão contínua para modernização dessas
normas. A NR-12, por exemplo, sofreu alterações no ano passado", declarou
ele.
De acordo com
dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho do Ministério
Público do Trabalho (MPT), 4,73 milhões de acidentes de trabalho foram
registrado no Brasil desde 2012, representando um acidente a cada 49 segundos,
ao mesmo tempo em que foram registradas mais de 17 mil mortes no período. Nesse
período, mais de R$ 83 bilhões foram gastos pela Previdência Social com
benefícios acidentários.
Diante desses
números, ele afirmou que vê com "preocupação" a intenção do governo
de acabar com 90% das regras de fiscalização. "A gente entende que sempre
é importante modernizar, mas as modernização adequada deve visar o respeito e
proteção à saúde do trabalhador. Há uma necessidade em maior investimento em
prevenção por parte das empresas", concluiu.
Conteúdo: G1
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