Juiz de Brasília também
aceitou denúncia contra o empresário Marcelo Odebrecht. Caso envolve suposto
pagamento de propina da Odebrecht em troca de favorecimento do governo federal.
O juiz Vallisney de
Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, aceitou denúncia
apresentada pelo Ministério Público e tornou réus o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, os ex-ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo e o empresário
Marcelo Odebrecht.
Lula, Palocci e Paulo
Bernardo são suspeitos de terem recebido propina da construtora Odebrecht em
troca de favores políticos. Segundo a acusação, a empreiteira prometeu a Lula,
em 2010, R$ 64 milhões para ser favorecida em decisões do governo. De acordo
com o Ministério Público Federal, o dinheiro teria sido colocado à disposição
do PT.
A TV Globo e o G1 ainda não
conseguiram localizar as defesas dos quatro réus. Em abril do ano passado,
quando a Procuradoria-Geral da República havia apresentado a denúncia, a defesa
de Lula apontou ausência de materialidade na acusação e "imputações
descabidas" ao ex-presidente.
Na ocasião, os advogados de
Antonio Palocci não se pronunciaram e os de Marcelo Odebrecht disseram que o
empresário estava à disposição da Justiça para ajudar "no que for
necessário". À época, o G1 e a TV Globo não tinham conseguido contato com
a defesa de Paulo Bernardo.
A denúncia do Ministério
Público afirma que uma das contrapartidas solicitadas pela Odebrecht seria
interferência política para elevar para US$ 1 bilhão um empréstimo concedido a
Angola pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Após a concessão do
empréstimo, a construtora brasileira, que havia sido contratada pelo país
africano, captou parte dos valores obtidos junto ao BNDES. A liberação do
financiamento foi assinada por Paulo Bernardo, que, à época, era ministro do
Planejamento.
A TV Globo teve acesso à
decisão que tornou Lula, Palocci, Paulo Bernardo e Marcelo Odebrecht reús. No
despacho assinado nesta quarta (5), o juiz destacou que "a peça acusatória
está jurídica e formalmente apta e descritiva" e, inclusive, contém
vídeos, mensagens de e-mails, planilhas, relatórios policiais e outros
documentos.
Núcleo político:
De acordo com a denúncia, Lula, Palocci e Paulo Bernardo teriam praticado, em
2010, o crime de corrupção passiva ao aceitarem propina de US$ 40 milhões
(correspondente a R$ 64 milhões) para aumentarem a linha de crédito para
financiamento de exportação de bens e serviços entre Brasil e Angola em benefício
da Odebrecht. O governo Lula, segundo os procuradores da República, teria
autorizado a concessão de empréstimo de US$ 1 bilhão ao país africano.
Núcleo empresarial:
Conforme a acusação, o empresário Marcelo Odebrecht teria praticado, em 2010, o
crime de corrupção ativa ao prometer e pagar os US$ 40 milhões ao núcleo
político em troca do aumento do crédito oferecido pelo BNDES a Angola.
Conteúdo: G1
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