Matéria: UOL
Na Cúpula do Mercosul ontem em Santa Fé, na Argentina, o
presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou um "Mercosul 2.0" que se
iniciaria sob sua gestão. Nos próximos seis meses, o Brasil assume a
presidência do bloco - que é revezada semestralmente também com Argentina, Uruguai
e Paraguai.
Bolsonaro também reconheceu que sua posição era crítica
em relação ao grupo, composto também por Chile e Bolívia, na condição de
associados. Mas, após obter avanços em alguns acordos, o presidente brasileiro
disse que mudou de opinião por que o propósito da agremiação, segundo ele,
mudou.
"Quando cheguei, com a equipe econômica indicada por
mim e com propósito de buscarmos o comércio, e não uma grande pátria
bolivariana, nós não mudamos o Mercosul, nós o redirecionamos", disse
Bolsonaro.
Veja algumas das mudanças que se encaminham - todas elas
ainda pendentes de aprovações dos Congressos de cada um dos países, antes de
impactarem a vida de 265 milhões de habitantes de Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai.
Acordo com a União Europeia
Esta foi a primeira cúpula realizada desde que o Mercosul
deu um passo importante para fechar um acordo de livre comércio com a União
Europeia, no fim do mês passado.
Do ponto de vista prático, o acordo, se concretizado,
trará para as prateleiras sul-americanas produtos europeus, como queijos e
vinhos, e facilitará a chegada de itens sul-americanos na Europa. Por outro
lado, pode impor dificuldades aos produtos locais, dada a competitividade
estrangeira.
O acordo também precisa passar pelo parlamento europeu -
que já demonstra resistências devido às políticas ambientais de Bolsonaro.
Ainda assim, o gesto já é visto com otimismo por
analistas econômicos liberais.
Fontes ouvidas pelo UOL dizem que a iniciativa mostra que
o Brasil "está no jogo da negociação comercial com grandes mercados".
Tarifa comum e mais acordos
Outra discussão que avançou é a a revisão da TEC, a
tarifa externa comum, uma taxa padrão para a importação de produtos de fora do
bloco. O plano é apresentar a proposta no fim da presidência rotativa
brasileira e cortar pela metade a tarifa de 12 mil itens.
O Brasil também expressou intenção de fechar acordos
comerciais com:
·
Efta (Associação Europeia de Comércio Livre,
na sigla em inglês), bloco formado por Noruega, Suíça, Liechtenstein e Islândia
·
Canadá
Fim do roaming internacional
Esta medida deverá facilitar a vida de quem viaja entre
os países e ajudar também os habitantes das regiões de fronteiras.
Segundo o acordo firmado ontem, as empresas de telefonia
deverão aplicar aos usuários os mesmos preços que cobram pelos serviços
prestados dentro e fora do país de origem, de acordo com o plano contratado
pelo cliente.
A regra valerá para ligações telefônicas e uso de dados,
nos moldes do que já ocorre na União Europeia.
Cooperação consular
A ideia é que os cidadãos possam ir a consulados e
embaixadas de qualquer um dos países do bloco para pedir proteção e assistência
diplomática caso esteja em um lugar em que não exista representação de sua
nacionalidade.
O objetivo é oferecer atendimentos para casos
emergenciais que necessitem de apoio diplomático, como desaparecimento, prisão,
repatriação e morte. A emissão de passaportes e vistos, por outro lado,
estariam excluídas do acordo.
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