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Viúva recebe carta para retirar remédios de alto custo para o marido 6 meses após a morte dele

Adriano Rodrigues, de Sorocaba (SP), foi diagnosticado com câncer e precisava de medicamentos que custavam R$ 50 mil por mês. Secretaria disse que fez o processo de compra logo que foi notificada e lamentou o equívoco no envio do telegrama.


Viúva recebe carta para buscar medicamentos de alto custo quase 6 meses após morte de homem com câncer em Sorocaba — Foto: Hilana Larissa de Jesus Ferreira/Arquivo pessoal


 Conteúdo: ‘G1’ 


Uma viúva de Sorocaba (SP) reviveu a angústia que passou durante a luta do marido para sobreviver a um câncer. Quase seis meses após a morte de Adriano Rodrigues, Hilana Larissa de Jesus Ferreira afirma que recebeu uma carta com a autorização para buscar os remédios de alto custo dos quais ele precisava.

Hilana conversou com o G1 sobre a frustração de ter recebido a carta no sábado (17), pois a Secretaria de Saúde do Estado autorizou a retirada dos remédios que poderiam ter salvado o marido. "Infelizmente muito mais tempo do que a doença pode esperar", lamenta.


O casal viveu junto por mais de quatro anos e morava na Vila Haro. Segundo a esposa, Adriano era gerente comercial e, em agosto de 2018, foi diagnosticado com melanoma maligno de pele, uma doença que não responde aos tratamentos convencionais de quimioterapia.

Alguns médicos da cidade ajudaram o homem com exames e o tratamento continuou no Hospital de Barretos (SP).

Em novembro, eles entraram na Justiça pedindo os remédios de alto custo que poderiam combater a mutação genética do câncer.

Segundo Hilana, o tratamento com os remédios Zelboraf e Cottelic custaria cerca de R$ 50 mil por mês. "Entramos com a ação judicial e, em paralelo, fizemos várias campanhas para iniciar o tratamento", conta.

Adriano Rodrigues morreu seis meses depois de ter sido diagnosticado com câncer de pele em Sorocaba — Foto: Hilana Larissa de Jesus Ferreira/Arquivo pessoal

A viúva afirma que a Justiça autorizou a medicação no mesmo mês do pedido e o estado não cumpriu o prazo. A medicação seria entregue pela Farmácia de Alto Custo de Sorocaba, mas só chegou a vir uma única vez.

"Eu ligava todos os dias, mas só diziam que não tinha chegado ainda. Não deram nenhum prazo, nem alegaram o por que não estava chegando. Só me diziam que eu tinha que ligar na farmácia todos os dias", lembra.

O advogado Anselmo Bastos representou o casal em ações para que o estado cumprisse o prazo, inclusive com sequestro de verbas públicas para comprar a medicação.

"Foi uma tortura. Ele ficou várias vezes sem a medicação. Nós vendemos o carro, fizemos empréstimo consignado e recebemos inúmeras doações. Mesmo assim, ele ficou várias vezes sem os remédios, porque o valor era muito alto", conta.

Hilana também lembra que o marido ficou internado durante 21 dias por liberação do convênio deles. Depois de 14 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Adriano morreu em fevereiro de 2019, aos 36 anos, por complicações da doença.

"Foi realmente desesperador, seis meses de muita angústia. Ele sofreu muito mesmo e acabou perdendo a consciência no final. Foram seis meses de muito sofrimento para ele, físico e emocional.

Logo quando a viúva estava tentando recomeçar a vida sem o marido, a carta com a autorização chegou à casa da família, mesmo após o advogado ter notificado o falecimento de Adriano no processo que corria na Justiça.

"Nosso sistema está doente. O sistema de saúde é tão desorganizado e não posso nem retirar para doar. Muitas pessoas passam por isso e precisa mudar urgente, porque a doença não espera. É realmente frustrante que um jovem de 36 anos tenha passado por isso sem ter o menor auxílio do sistema de saúde", lamenta.

Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo disse que o Departamento Regional de Saúde de Sorocaba "iniciou o processo de compra dos medicamentos tão logo foi notificado sobre a ação".

Segundo a secretaria, houve atendimento na primeira quinzena de fevereiro deste ano, antes do falecimento de Adriano Rodrigues.

O departamento ainda "lamenta o equívoco no envio do telegrama e pede desculpas aos familiares. Será realizada apuração sobre o ocorrido e as providências cabíveis serão tomadas".





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