Medida é estudada pela equipe econômica para dar maior
flexibilidade na gestão de funcionários públicos e reduzir gastos na esfera
federal.
Conteúdo: ‘R7’
O governo avalia contratar
novos servidores pelo regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) para
que somente depois de um prazo, que pode ser de 10 anos, eles atinjam
estabilidade no cargo.
A medida em estudo deve
fazer parte da "agenda de transformação do Estado" que está sendo
desenhada pela equipe econômica e que pretende dar maior flexibilidade na
gestão de seus funcionários e reduzir no futuro os gastos com servidores, hoje
a segunda maior despesa do Orçamento.
O governo prevê um gasto de
R$ 336,6 bilhões com servidores ativos no Orçamento de 2020.
É a segunda maior despesa,
atrás apenas dos benefícios previdenciários, que acabam de passar por uma
reforma. O custo para a União é, em média, de R$ 12,5 mil por cada servidor por
mês.
A elite do funcionalismo (os
5% que mais ganham) é responsável por 12% do total da folha e tem rendimento
médio de R$ 26 mil.
Pelo novo modelo, as
contratações seriam feitas em etapas.
Num primeiro momento, depois
do estágio probatório, os funcionários públicos que ingressarem na carreira
teriam seus contratos regidos pela CLT.
Depois de um período de
experiência e de demonstrar produtividade no cargo, o servidor conquistaria a
estabilidade.
Segundo um integrante da
equipe econômica, a ideia "em princípio" é de um prazo de 10 anos,
mas o modelo tem de ser aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro.
O regime de CLT hoje já rege
os contratos de trabalho de funcionários de estatais. O STF (Supremo Tribunal
Federal) definiu recentemente que esses funcionários podem ser demitidos, desde
que a dispensa seja motivada.
No regime CLT, o trabalhador
tem direito ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), como uma espécie
de seguro para demissão sem justa causa.
Férias
O governo avalia também
incluir na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) um limite expresso de 30
dias para as férias de servidores.
Hoje, há categorias como
juízes e membros do Ministério Público que têm direito a férias de 60 dias, o
dobro do concedido a demais funcionários públicos e aos trabalhadores da
iniciativa, que só têm direito a um mês de recesso remunerado.
Os advogados da União
pleiteiam no STF (Supremo Tribunal Federal) o direito às férias de dois meses.
Outras carreiras também têm buscado a equiparação do privilégio.
Outra mudança em discussão é
restringir a licença-capacitação, período de três meses de afastamento
remunerado a que o servidor tem direito a cada intervalo de cinco anos na
administração pública.
A proibição à concessão de
férias superiores a 30 dias já é alvo de uma PEC apresentada pelo deputado
Rubens Bueno (Cidadania-PR) e que tramita desde 2018 na Câmara dos Deputados.
O texto está parado na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) da Casa.
O presidente Jair Bolsonaro
reforçou nesta quinta-feira, 31, a possibilidade de o governo aproveitar
algumas propostas já em andamento no Congresso para levar adiante sua agenda.
Mas, segundo apurou o
Estadão/Broadcast, a proposta sobre as férias dos servidores deve integrar uma
nova PEC.
A reforma administrativa faz
parte de um pacote de reformas dividido em cinco eixos.
Os outros quatro são a PEC
emergencial, para cortar gastos obrigatórios e abrir espaço para investimentos;
a PEC DDD, com o objetivo de tirar as "amarras" do Orçamento; o
chamado Pacto Federativo, uma nova divisão dos recursos de Estados e
municípios, com repartição dos recursos do pré-sal; e um programa de ajuda aos
Estados.
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