Estudante universitária de 23 anos usou bolsa para levar
recém-nascido. Criança foi encontrada após cerca de seis horas de buscas.
Por G1 DF e TV Globo
A mulher de 23 anos que foi presa após roubar um bebê
recém-nascido no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no Distrito Federal,
teria sofrido um aborto espontâneo há cerca de três meses. A informação foi
repassada pelo delegado Luiz Henrique Sampaio da Delegacia de Repressão a
Sequestros, nesta quinta-feira (28).
Segundo o delegado, a estudante de fonoaudiologia Daiane
Fonseca dos Santos disse que cometeu o crime porque estava “psicologicamente
abalada” e para “não decepcionar o namorado” após o aborto. As investigações
apontam que ela premeditou o roubo e circulou no hospital por cerca de 12 horas
antes do crime.
O pequeno Miguel Pietro, que nasceu na quarta-feira (27),
foi levado pela suspeita por volta das 3h da manhã desta quinta. A mulher se
apresentou como enfermeira e colocou o bebê dentro de uma bolsa. O
recém-nascido foi encontrado por volta das 9h30, no Hospital Regional de
Ceilândia (HRC).
O crime
Segundo o delegado Luiz Henrique Sampaio, Daiane disse
que simulou o fim da própria gravidez com a intenção de roubar uma criança.
Vestindo o jaleco ao qual tem acesso por ser estudante de fonoaudiologia, ela
teria visitado o HRT pelo menos três vezes para “estudar o local”.
“Ela entende um pouco de rotina de hospital, de como
funciona”, afirma o delegado.
Ainda de acordo com o responsável pelas investigações,
mulheres que também estavam internadas na maternidade do HRT reconheceram
Daiane e afirmaram que foram abordadas pela jovem.
“Ela fazia perguntas e tentava estabelecer uma relação de
confiança com as mães. Ela esperou uma oportunidade [de levar uma criança] e só
conseguiu de madrugada , com essa mãe que estava desacompanhada”, conta o
delegado.
Parto simulado
Após pegar a criança, Daiane colocou o bebê em uma bolsa
e saiu do local. No depoimento, a mulher disse que, depois do crime, simulou um
parto em casa para enganar a família. Segundo a polícia, o banheiro da
residência estava cheio de sangue e panos sujos.
Depois do parto simulado, ela chamou o Serviço de
Atendimento Médico de Urgência (Samu), que a encaminhou ao Hospital Regional de
Ceilândia. No local, servidores desconfiaram da história contada pela mulher,
já que a criança estava limpa e havia tomado vacinas. Por isso, chamaram a
polícia.
Os investigadores ainda não conseguiram determinar como
Daiane entrou no hospital. Segundo o delegado Luiz Henrique Sampaio, a
instituição não tinha câmeras em funcionamento. “Possivelmente ocorreu uma
falha na segurança do hospital”, afirmou.
Em nota, a Secretaria de Saúde do DF afirmou que “preza
pela segurança dos pacientes e que tem uma rigorosa vigilância”.
Família desconfiou
Após o aborto, Daiane teria tentado engravidar novamente.
De acordo com o delegado, ela suspeitava de uma nova gravidez, mas um exame
recente apresentou resultado negativo. “Isso mexeu com o emocional dela”, disse
o delegado.
Parentes que moram com a jovem contaram à polícia que
foram acordados com o choro da criança. Após ser questionada por eles, Daiane
disse que estaria usando uma cinta para esconder a gravidez.
“Eles ficaram desconfiados e resolveram pedir o socorro
ao Samu”, afirmou o delegado.
O desaparecimento
O caso ganhou repercussão no início da manhã desta quinta
(28), quando uma tia da criança, Raisa Almeida, publicou nas redes sociais um
texto comunicando o desaparecimento do bebê.
Na publicação, a família afirma que a mãe de Miguel viu a
suposta sequestradora, que estaria usando um jaleco. “Alta magra, cabelo preto,
calça preto, blusa cinza e sapato roxo”, diz trecho da descrição da suspeita.
“Um aspecto de mulher jovem”.
A tia contou que a irmã entregou o bebê à funcionária
para a realização de exames.
“Ela é mãe de primeira viagem, não sabia como funcionava.
Pediram para medir a glicemia às 3h e ela entregou o bebê. Ela chegou a ir
atrás, mas perdeu de vista” contou.
Ainda de acordo com a família, a mãe do bebê estava
sozinha porque o hospital não permitiu que a avó da criança a acompanhasse
durante a noite.
O que diz o HRT
Após o caso, a Secretaria de Saúde do DF emitiu nota.
Confira íntegra abaixo:
“A direção do Hospital Regional de Taguatinga (HRT)
informa que o recém-nascido sequestrado na unidade, na madrugada desta
quinta-feira (28), foi encontrado e já está com mãe.
A suspeita do crime deu entrada com a criança no Hospital
Regional de Ceilândia (HRC), nesta manhã, alegando que parto ocorreu em casa.
Na ocasião, os profissionais de saúde de Ceilândia constataram que o menor não
havia nascido fora de unidade hospitalar e já tinha características de
atendimento médico, como o corte do cordão umbilical e a marca da vacina BCG.
Com o alerta do desaparecimento da criança em toda a rede
pública de saúde, de imediato, a direção do HRC acionou as autoridades
competentes, que identificaram o bebê e a suspeita. O recém-nascido está
internado em Ceilândia, recebendo toda a assistência necessária. De lá,
juntamente com a mãe, receberá alta – procedimento que ainda não tem data
prevista.
SEGURANÇA – Na ocasião do desaparecimento da criança, o
HRT contava com 15 seguranças e um supervisor. Ao tomar conhecimento do fato,
todas as equipes do hospital foram mobilizadas, e os setores, revistados. As
polícias Militar e Civil também foram acionadas.
A direção da unidade ressalta que preza pela segurança
dos pacientes e que tem uma rigorosa vigilância. Com a ocorrência desse fato,
os protocolos estão sendo revistos nesta manhã para aprimorar o trabalho e
garantir que situações como essa não se repitam.
A Secretaria de Saúde, por fim, lamenta o ocorrido e
reforça a importância do trabalho em rede, como ocorreu, possibilitando o
desfecho do caso o mais rapidamente possível, e com final positivo. Destaca,
ainda, que vai trabalhar para aprimorar a segurança nas unidades de saúde.”
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