As declarações foram feitas
no momento em que a assinatura da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos
da Criança e Adolescente completa 30 anos.
O papa Francisco fez um
apelo nesta quinta-feira (21/11) na Tailândia por proteção à dignidade das
crianças, vítimas de exploração sexual em vários pontos do sudeste asiático,
antes de uma reunião com o rei do país e da celebração de uma missa para
dezenas de milhares de fiéis.
"É necessário garantir
a nossos filhos um futuro digno", disse o pontífice, em referência aos
mais "vulneráveis, maltratados e expostos a todas as forças de exploração,
escravidão, violência e abuso".
As declarações foram feitas
no momento em que a assinatura da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos
da Criança e Adolescente completa 30 anos.
Três décadas depois, o
sudeste asiático ainda tem muitos casos de exploração sexual dos mais jovens.
Na região, quase 70% das vítimas de maus-tratos com objetivo de exploração
sexual são menores de idade, afirma o relatório mais recente do Escritório das
Nações Unidas sobre Drogas e Crime.
Dezenas de milhares de
crianças são exploradas por sistemas de câmeras de vídeo on-line, especialmente
nas Filipinas, mas também na Indonésia, Camboja e Tailândia.
Diante do primeiro-ministro
Prayut Chan-O-Cha, o papa elogiou os esforços da Tailândia para tentar
"eliminar este flagelo".
A posse de pornografia
infantil é considerada um delito desde 2015 no reino. No mesmo ano, o país
criou uma unidade especial para investigar a exploração de crianças na
internet.
Ampla maioria budista
O pontífice também abordou
um de seus temas favoritos, o desafio migratório, que considera "um dos
principais problemas morais que nossa geração enfrenta".
Francisco deseja ainda
incluir na agenda da viagem a bandeira do diálogo inter-religioso. Ele elogiou
uma "nação multicultural e diversa, que mostra respeito e estima pelas
diferentes culturas e grupos religiosos".
O papa, 82 anos, fervoroso
defensor do diálogo entre religiões, se reuniu com o 20º patriarca supremo,
Somdej Phra Maha Muneewong, em um dos locais mais simbólicos do budismo,
religião praticada por mais de 95% dos habitantes do reino.
Antes de entrar no templo
histórico do patriarca de Bangcoc, Francisco tirou os sapatos.
Descalço e envolvido em um
tradicional manto "jee worn", o papa ouviu atentamente as palavras do
patriarca.
"Desde a chegada do
cristianismo à Tailândia, há quatro séculos e meio, os católicos, mesmo sendo
um grupo minoritário, desfrutam de liberdade na prática religiosa e por muitos
anos vivem em harmonia com seus irmãos e irmãs budistas", disse o papa.
"Neste caminho de
confiança e fraternidade mútuas, desejo reiterar meu compromisso pessoal e o de
toda a Igreja pelo fortalecimento do diálogo aberto e respeitoso a serviço da
paz e do bem-estar deste povo", acrescentou o Francisco, que pediu o
desenvolvimento de iniciativas comuns de caridade em relação aos pobres.
A Tailândia tem quase
300.000 monges em 40.000 templos. Evangelizados por missionários jesuítas em
meados do século XVI, os 400.000 católicos são minoritários.
O papa também se reuniu
nesta quinta-feira com o primeiro-ministro do país. Prayut Chan-O-Cha passou
cinco anos à frente de uma junta militar, mas foi nomeado chefe de Governo
civil depois das polêmicas eleições parlamentares de março.
O pontífice se reunirá ainda
com o rei da Tailândia, Maha Vajiralongkorn, que assumiu o trono após a morte
de seu pai, Bhumibol Adulyadej, em 2016.
monarca - um dos homens mais
ricos do mundo e protegido por uma draconiana lei que pune severamente qualquer
crítica a seu respeito - é o responsável por garantir a unidade do reino,
cenário de 12 golpes de Estado desde 1932.
Durante a visita, Francisco
também terá um encontro em um hospital com cinco crianças de Khlong Toei, o
maior bairro pobre de Bangcoc, onde vivem 100.000 pessoas.
Francisco, o primeiro
pontífice a visitar a Tailândia em 35 anos, presidirá uma missa em um estádio
da capital para milhares de pessoas.
Ele permanecerá no país até
sábado, quando viajará ao Japão, a segunda etapa da visita ao continente, com
elevado peso político e simbólico, pois visitará Nagasaki e Hiroshima, onde há
74 anos as bombas atômicas americanas provocaram 74.000 e 140.000 mortes,
respectivamente.
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