Por: MSN Notícias
Após uma semana de isolamento forçado em toda a Itália por
causa do novo coronavírus (Sars-CoV-2), o país pode estar começando a ver uma
luz no fim do túnel da pandemia que já contaminou 200 mil pessoas e deixou
cerca de 8 mil mortos em todo o mundo.
O balanço divulgado pela Defesa Civil nesta terça-feira (17)
confirmou o quarto dia seguido de desaceleração no ritmo de novos contágios,
embora a situação ainda seja delicada, especialmente no norte do país.
Até o momento, a Itália contabiliza 31.506 pessoas afetadas
pelo novo coronavírus, incluindo casos ativos, mortes e pacientes curados, o
que representa um aumento de 12,60% em relação ao relatório de 16 de março, que
havia registrado alta de 13,06% - no sábado e no domingo a expansão foi de,
respectivamente, 19,80% e 16,97%.
Até 9 de março, quando o primeiro-ministro Giuseppe Conte
anunciou o decreto que restringe a circulação de pessoas em todo o território
nacional, a epidemia avançava a uma taxa média diária de 26,54%. Agora,
considerando o período desde 28 de fevereiro, quando a Defesa Civil passou a
divulgar apenas um balanço por dia, a média de crescimento é de 22,19%.
"É preciso esperar para cantar vitória, mas é
interessante que este aumento não seja mais tão vertical. Acredito que isso
seja já um sinal não de decréscimo, mas de desaceleração. Só não quero ser
muito otimista, porque esses casos dados agora na verdade são antigos, talvez
de infecções de 10 ou 11 dias atrás", afirma, em entrevista à ANSA, o
virologista italiano Fabrizio Pregliasco, professor do Departamento de Ciências
Biomédicas para a Saúde da Universidade dos Estudos de Milão.
Com a disseminação do Sars-CoV-2 e da doença por ele
provocada, a Covid-19, países do mundo inteiro vêm tomando medidas drásticas
para "achatar" a curva epidêmica, ou seja, evitar um aumento
vertiginoso no número de casos e manter o índice dentro do que pode ser
suportado pelos sistemas de saúde nacionais.
Esse é o drama da Itália, que saiu de três para 31.506
contágios em 26 dias e agora vê hospitais sob ameaça de colapso por causa do
ritmo agressivo da epidemia. O Hospital Papa Giovanni XXIII, em Bergamo,
província mais atingida pelo Sars-CoV-2, já não tem mais vagas em sua unidade
de terapia intensiva (UTI) para pacientes do novo coronavírus.
A província fica nos arredores de Milão, na Lombardia, e
contabiliza 3.993 contágios, o que representa um impressionante índice de 358
para cada 100 mil habitantes. Se Bergamo fosse um país, seria o mais atingido
pela epidemia em termos proporcionais - para efeito de comparação, a Itália tem
52 casos/100 mil habitantes.
Mas o ritmo de crescimento dos contágios na província também
caiu nos últimos quatro dias: de um aumento de 20,95% em 14 de março para 6,20%
no dia 17. No entanto, apesar da redução da velocidade de disseminação do novo
coronavírus, ainda é difícil prever quando a Itália atingirá o pico da
epidemia.
"Tem diversos modelos que colocam o pico nesta quarta,
mas eu acredito ainda em três, quatro, cinco dias, uma semana, talvez, e depois
esperamos uma lenta redução", diz Pregliasco. (ANSA).