Os analistas do mercado financeiro subiram a estimativa de inflação para 2020 pela décima sétima semana seguida, e agora a previsão ficou acima da meta central, de 4%. As expectativas fazem parte do boletim de mercado conhecido como relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Banco Central (BC).
Os dados foram levantados na semana passada em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras. Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, a expectativa do mercado para este ano passou de 3,54% para 4,21%.
Com a alta, a expectativa de inflação do mercado para este ano passou a ficar, pela primeira vez, acima da meta central de inflação, de 4%, mas ainda está dentro do intervalo de tolerância existente.
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% neste ano sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic). No decorrer do ano, com a pandemia do novo coronavírus e a recessão na economia brasileira, o mercado baixou a estimativa de inflação. Nos últimos meses, porém, com a alta do dólar e com a retomada da economia, os preços voltaram a subir.
Em setembro, a inflação oficial do país avançou 0,64%, a maior alta para o mês desde 2003. Em outubro, subiu para 0,86%, a maior desde 2002. Para 2021, o mercado financeiro baixou de 3,47% para 3,34% sua previsão de inflação. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
Retração da economia
Sobre o comportamento da economia brasileira em 2020, os economistas do mercado financeiro baixaram sua estimativa de tombo do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,50% para 4,40% na semana passada. Foi a quinta melhora seguida no indicador. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Na última semana, o mercado subiu de 3,45% para 3,50% a estimativa de expansão do PIB para 2021. A expectativa para o nível de atividade foi feita em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão. Nos últimos meses, porém, indicadores têm mostrado uma retomada da economia brasileira.
Taxa básica de juros
Após a manutenção da taxa básica de juros em 2% ao ano no fim de outubro, o mercado segue prevendo estabilidade na Selic neste patamar até o fim deste ano. Para o fim de 2021, a expectativa do mercado permaneceu inalterada em 3% ao ano. Isso quer dizer que os analistas seguem estimando alta de juros em 2021.
Outras estimativas
Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2020 recuou de R$ 5,38 para R$ 5,22. Para o fechamento de 2021, a estimativa caiu de R$ 5,20 para R$ 5,10 por dólar.
Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção em 2020 subiu de US$ 57,90 bilhões para US$ 58 bilhões de resultado positivo. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado permaneceu em US$ 56,50 bilhões de superávit.
Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano caiu de US$ 45 bilhões para US$ 43,15 bilhões. Para 2021, a estimativa ficou estável em US$ 60 bilhões.
*Com informações do repórter Beto Ribeiro.
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