Pesquisas em andamento realizadas pelo Instituto Leônidas e Maria Deane, mais conhecido como Fiocruz Amazônia, apontam que a nova cepa do coronavírus encontrada em pacientes japoneses tem origem no Amazonas. A variante do novo coronavírus foi encontrada em viajantes que foram do Brasil ao Japão no último dia 2 após viagem à região do Amazonas. Segundo o estudo liderado por Felipe Naveca, pesquisador e vice-diretor de Pesquisa e Inovação do Instituto, a mutação detectada na variante, designada provisoriamente de B.1.1.28 (K417N/E484K/N501Y), é um fenômeno recente, provavelmente ocorrido entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. A pesquisa sugere que a cepa evoluiu de uma linhagem viral que circula no estado do Amazonas desde abril de 2020.
Desde março de 2020, o ILMD em parceria com Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS/AM) e o com o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM) vem conduzindo um levantamento genômico de indivíduos recentemente infectados com SARS-CoV-2 no estado. “Nós recebemos as amostras, identificamos as amostras positivas no PCR, purificamos o material genético do vírus, que passa por uma série de processamentos até ser colocado no sequenciador”, explica Naveca. O sequenciador lê cada base do material genético e, por meio de programas de computação, o material é reconstruído e comparado com as outras amostras que estão ao redor do mundo, como as variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul.
“A variante que foi encontrada pelos pesquisadores japoneses a partir de pessoas que tiveram no estado do Amazonas tem uma série de mutantes que ainda não tinham sido encontradas. Algumas mutações envolvem mudanças na proteína Spike, que é a proteína que faz a interação inicial com a célula humana”, diz o pesquisador. Segundo a pesquisa, a nova cepa contém 10 variações diferentes na proteína Spike. “Essa variante descoberta no Japão chamou muita atenção, assim como a variante inglesa e a variante africana, porque elas acumularam muitas mutações em pouco tempo, acima do que a gente estava vendo até o momento”, analisa Naveca. Uma das mutações identificadas na cepa amazônica também foi encontrada tanto na variante africana quanto na variante inglesa. Três mutações do B.1.1.28 (K417N/E484K/N501Y) também foram detectadas na linhagem sulafricana. “O surgimento simultâneo de diferentes linhagens virais que carregam mutações no domínio de ligação do receptor da proteína Spike em diferentes países ao redor do mundo, durante a segunda metade de 2020, sugere mudanças seletivas convergentes na evolução de SARS-CoV-2 devido a similar pressão evolutiva durante o processo de infecção de milhões de pessoas”, aponta a pesquisa.
Um aumento da frequência dessas linhagens virais no Brasil e no mundo nos próximos meses será necessário para definir se essas mutações conferem alguma vantagem seletiva para a transmissibilidade viral do coronavírus. O próximo passo do estudo é aprofundar o sequenciamento de amostras para identificar se a variante já circulava em grande quantidade no Amazonas antes de ser identificada e entender a presença e a frequência da cepa no estado. O último boletim divulgado pelo governo do Amazonas mostra que o estado tem 218.070 casos confirmados e 5.810 mortos pela Covid-19. O pesquisador ressalta que os cuidados, independentemente da variante, são os mesmos. Apesar das mutações, o vírus não ultrapassa a proteção da máscara e deve ser combatido por meio do uso de álcool e gel e da lavagem das mãos. O distanciamento social é imprescindível para diminuir a circulação do coronavírus.
*Com informações de Jovem Pan.
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