Um policial militar foi preso nesta quarta-feira, 3, após se contradizer em depoimento sobre a morte da menina Ana Clara Machado, de 5 anos, assassinada na porta de casa na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, enquanto brincava com o irmão na última terça-feira, 2. A mãe da menina, que estava em casa no momento do ocorrido, narrou a cena que viu e lembra que a filha não permitiu que as balas de fuzil atingissem o irmão dela, um menino de dois anos. “Minha filha morreu salvando o irmão de dois anos. Mais um pouquinho eu perdia meus dois filhos com dois tiros de fuzil. Só um pouquinho. Um dos tiros que ele deu atravessou o corpo da minha filha todo”, afirmou. Durante protesto realizado em Monan Pequeno, no bairro em que a menina foi morta, Cristiane da Silva, se mostrou pouco esperançosa com a Justiça pelo caso.
“Um policial fica quanto tempo dentro de uma cadeia? Quanto tempo ele vai ficar lá dentro? Daqui a pouco ele vai estar aqui fora, de farda, andando de viatura, com um fuzil atravessado nas costas, matando mais inocente”, afirmou. Cercada por parentes, amigos e vizinhos, a mãe da menina narrou o que ocorreu na manhã da terça e afirmou que o agente responsável pelos disparos agiu “com deboche” em relação à família. “Ele ficou com nojo de tocar na minha filha. Quando ele pegou minha filha ele pegou assim, ó, com a mão. Porque ele teve nojo, mas ele não pensou duas vezes antes de atirar para o nada”, pontuou. Cristiane contou que o policial que acompanhava o cabo responsável pelos disparos chegou a afirmar que ele havia agido de maneira errada logo após acertar a garota e sugeriu que o PM socorresse a criança. “Minha filha morreu nos meus braços dentro da viatura deles. Ela morreu do lado do cara que matou ela. Do lado do cara que matou ela”, afirmou.
Segundo a Polícia Civil, as declarações dadas por dois PMs foram comparadas com as de testemunhas e com perícia realizada no local, justificando a prisão em flagrante do responsável pelos disparos. As armas usadas no dia foram apreendidas para confronto balístico e diligências são feitas na região para determinar a origem dos disparos e “quaisquer outras informações que sirvam para o esclarecimento dos fatos”. A Polícia Militar confirmou que os tiros foram fruto de um “confronto entre criminosos e equipes do 12º BPM” e um procedimento apuratório interno foi instaurado para apurar as circunstâncias da ação. O policial foi preso em flagrante. A Jovem Pan tentou entrar em contato com a mãe da vítima por meio de parentes, mas não recebeu retorno até o fechamento desta reportagem. Ana Clara é a segunda criança morta durante operação policial no estado do Rio de Janeiro em 2021. A primeira foi Alice Pamplona, de cinco anos, morta na Zona Norte da capital fluminense durante a queima de fogos do Ano-Novo. Ela estava sentada no colo de uma tia quando foi atingida. Na ocasião, três integrantes de uma facção criminosa foram presos acusados de serem responsáveis pela morte da menina. No ano de 2020, 12 crianças morreram vítimas de balas perdidas no estado.
*Com informações de Jovem Pan.
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