Congresso derruba vetos e restaura leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2 - Com essa decisão, as duas propostas de incentivo à cultura serão promulgadas
O Congresso Nacional derrubou nesta terça-feira (5) os vetos
presidenciais a duas propostas de incentivo à cultura: a Lei Aldir Blanc 2 (PL
1518/21) e a Lei Paulo Gustavo (PLP 73/21). Os vetos serão publicados como lei.
De autoria da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e outros
cinco deputados, o projeto da Lei Aldir Blanc 2 prevê repasses anuais de R$ 3
bilhões da União para estados, Distrito Federal e municípios para ações no
setor cultural.
A lei beneficiará trabalhadores da cultura, entidades e
pessoas físicas e jurídicas que atuem na produção, difusão, promoção,
preservação e aquisição de bens, produtos ou serviços artísticos e culturais,
incluindo o patrimônio cultural material e imaterial.
O texto lista 17 grupos de atividades culturais que poderão
ser contempladas por meio de editais, chamadas públicas, prêmios, compra de
bens e serviços, cursos e outros procedimentos.
Entre eles, incluem-se estudos e pesquisas, concessão de
bolsas de estudo no Brasil ou no exterior, aquisição de imóveis tombados,
manutenção de grupos, companhias e orquestras e construção e manutenção de
museus, centros culturais e bibliotecas.
A política terá vigência de cinco anos, e o valor global
previsto de R$ 3 bilhões deverá ser entregue no ano seguinte ao da publicação
da lei.
Já a Lei Paulo Gustavo teve origem em projeto de autoria do
Senado e determina o repasse de R$ 3,86 bilhões do Fundo Nacional de Cultura
(FNC) para fomento de atividades e produtos culturais em razão dos efeitos
econômicos e sociais da pandemia de Covid-19. O texto foi batizado em homenagem
ao ator e comediante que morreu em maio do ano passado, vítima da Covid-19.
Mobilização
Deputados de diversos partidos celebraram o acordo que
possibilitou a derrubada dos vetos. A mobilização incluiu a participação de
diversos artistas, que acompanharam as negociações e a votação em Plenário. A
deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que a presença de representantes do
setor foi fundamental para o acordo.
“A presença de vocês [artistas] fez o ambiente mudar, fez com
que o coração e a consciência dos parlamentares compreendessem que arte é
ofício, arte é trabalho, as pessoas vivem da arte”, afirmou.
Feghali destacou que a Lei Aldir Blanc 1 demonstrou a
capacidade de articulação dos gestores estaduais e municipais nos investimentos
do setor e na desburocratização. Foi essa norma que inspirou a aprovação da Lei
Paulo Gustavo e da Lei Aldir Blanc 2, que cria uma política pública permanente
inspirada na lei de 2020.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) ressaltou que as
propostas podem destinar R$ 6 bilhões para a cultura. “Hoje é um dia histórico
de nós darmos uma demonstração de respeito a tudo que a cultura já fez e a tudo
que ela fará pela identidade e pelo nosso projeto de Nação”, disse.
A líder do Psol, deputada Sâmia Bomfim (SP), afirmou que a
votação é mais uma vitória do Congresso diante do Poder Executivo que, na sua
avaliação, tentou desmontar as fontes de financiamento da cultura.
“Além de o acesso à cultura ser um direito da população, é
também um setor econômico importante: são cerca de 4% do nosso PIB. Isso não
pode ser irrelevante, só mesmo na mente de um governo negacionista”, criticou.
Para o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), o acordo
construído chegou a um equilíbrio para fortalecer a cultura do País. “Nós
tivemos um avanço muito grande com a Lei Aldir Blanc. A Lei Aldir Blanc 2 é
fundamental porque os nossos fazedores de cultura estão preparados. Só no
estado do Rio de Janeiro, atendeu mais de 2.500 projetos”, informou.
O deputado Marcelo Ramos (PSD-AM) destacou que deputados de
diferentes correntes ideológicas conseguiram se unir em defesa do setor em duas
leis que dão sustentabilidade ao setor. “É importante entendermos que essa luta
em defesa da cultura não é uma luta da direita ou da esquerda, não é uma luta
de liberal. A luta pelo direito à cultura equivale à luta pelo direito de
comer, pelo direito de trabalhar, é uma luta por liberdade”, disse.
* Agência Câmara de Notícias
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