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Prefeituras, farmácias e hospitais enfrentam crescente falta de remédios básicos - Como alternativa, os pacientes estão buscando as farmácias de manipulação

 

Nos últimos meses, prefeituras, farmácias e hospitais enfrentam a crescente falta de remédios básicos para tratamentos de saúde. Como alternativa, os pacientes estão buscando as farmácias de manipulação.


Quem vê os irmãos brincando hoje não imagina o sufoco que a mãe deles passou no início de junho. O Heitor, de 7 anos, pegou pneumonia. Mas o antibiótico prescrito sumiu das farmácias.

“Sai de um lugar para o outro... Não consegue. Começa a ligar, mandar mensagem para conhecido, conhecido que tem farmácia, conhecido, amigo de quem é dono de farmácia, farmácia de bairro... Não é fácil não, é bem desesperador mesmo”, afirma a cirurgiã-dentista Rosimara Salomão.

O plano B que o médico passou foi um antibiótico com outro princípio ativo que ainda tinha em estoque na farmácia.

Um dos motivos para esse desabastecimento, segundo especialistas, é o abre e fecha na China por causa da Covid. O país é o principal fornecedor de matéria-prima para produção de medicamentos. Mas, em uma farmácia de manipulação em Belo Horizonte, a situação é outra: o estoque de insumos está em dia.


O movimento da cadeia de farmácias de manipulação - que tem unidades em Minas, em outros seis estados e no Distrito Federal - vem aumentando desde que a pandemia começou. E com a falta de remédios nas drogarias convencionais, ficou maior ainda. As vendas de antibióticos e anti-histamínicos cresceram 30% desde o início do ano. Para dar conta da demanda, a empresa contratou mais gente. O call center foi ampliado.

“A gente tem tido uma procura bastante acentuada em algumas classes farmacêuticas, principalmente nos antibióticos, nos antitussígenos, os antialérgicos, e temos recebido também ligações de profissionais, médicos, prescritores, para saber se a gente pode atender a receita dessa população que não encontra isso nas farmácias, nas drogarias comuns”, conta Maria Alícia Ferrero, dona de farmácia de manipulação.

Em uma outra farmácia em Belo Horizonte, que também tem clientes no Acre e no Rio de Janeiro, a procura nos últimos dois meses por anti-inflamatórios cresceu 30% e pela dipirona, um tipo remédio para dor, 40%.

“Além das pessoas físicas e médicos, eu também atendo clínicas e hospitais, UTI Neonatal de hospital, clínicas de endoscopia e colonoscopia que fazem pedidos para atender um público grande”, diz Helbert Bomtempo, farmacêutico e empresário.

O cirurgião ortopedista João Lopo Madureira Júnior já vem orientando pacientes a procurar as farmácias de manipulação.

“São medicações que não tem como a pessoa abrir mão do uso dela para segurança dela, para segurança de ter um resultado satisfatório e de evitar uma complicação, um problema no pós-operatório”, explica.


Segundo a associação que representa as farmácias de manipulação de todo o país, o faturamento em 2021 cresceu 10,5% em relação a 2020, e a contratação de funcionários também subiu 6% de um ano para outro. Hoje, existem 8,4 mil farmácias de manipulação no Brasil.

Elas usam os mesmos insumos que as grandes indústrias, mas esse setor não enfrenta falta de matéria-prima.

“A demanda pela farmácia é uma demanda muito menor e que está sendo possível ser atendida. Diferentemente da indústria, que requer grandes quantidades de insumo e, muitas vezes, tem dificuldade de ter esse suprimento de maneira adequada”, afirma Marco Fiaschetti, diretor-executivo da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais.

O Ministério da Saúde reafirmou que busca soluções para o desabastecimento de medicamentos. E que já autorizou a redução de impostos e liberou o reajuste de preços de vários medicamentos.


*Com informações do G1



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