O setor calçadista brasileiro já exportou mais de janeiro a
setembro de 2022 do que em todo o ano passado. Dados elaborados pela Associação
Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, entre janeiro
e setembro, as exportações do setor somaram 107,9 milhões de pares, que geraram
US$ 990,35 milhões.
O resultado é superior em relação ao mesmo período do ano
passado tanto em volume, com alta de 25%, quanto em receita, com alta de 60%.
Em todo 2021, as exportações geraram US$ 900 milhões.
Quando se olha apenas o mês de setembro, porém, foram
embarcados 10,33 milhões de pares por US$ 109,45 milhões. O resultado foi
inferior em volume (-6%) e superior em receita (42%) em relação ao mês
correspondente do ano passado.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira,
avalia que as exportações do setor já estão amplamente recuperadas das perdas
provocadas pela pandemia de covid-19. “Em relação ao mesmo período de 2019,
portanto na pré-pandemia, já crescemos mais de 35% (em receita). Também aumentamos
o preço médio do par embarcado, de US$ 7 para US$ 10,60, o que demonstra que
estamos exportando produtos com maior valor agregado. É um bom momento para as
exportações brasileiras”.
Segundo o executivo, impactam positivamente o aumento dos
embarques para os países vizinhos, que vêm sofrendo com os altos custos de
fretes da Ásia. “Existe um momento de busca desses países por fornecedores mais
próximos geograficamente. O Brasil, como é o principal produtor fora da Ásia,
vem atraindo esses mercados”, comenta Ferreira.
O principal destino das exportações de calçados brasileiros,
entre janeiro e setembro, foi Estados Unidos. No período, foram embarcados para
lá 15,3 milhões de pares, que geraram US$ 270,78 milhões, resultados superiores
tanto em volume (+51,7%) quanto em receita (+77%) na relação com o mesmo
intervalo do ano passado.
O segundo maior importador foi a Argentina, ainda que lá o
setor enfrente desafios. Houve dilatação – até dezembro – da resolução do Banco
Central da República Argentina (BCRA) que altera o acesso ao Mercado Único de
Câmbio para pagamento de importações e que libera os pagamentos das mercadorias
importadas somente após 180 dias.
“Não é a primeira vez que enfrentamos dificuldades na
Argentina e sempre mantivemos uma participação relevante. É um mercado cativo
para o calçado brasileiro”, avalia Ferreira.
Entre janeiro e setembro, o país importou 13,35 milhões de
pares brasileiros, pelos quais foram pagos US$ 145,3 milhões, resultados
superiores tanto em volume (+44,8%) quanto em receita (+80,3%) em relação ao período
correspondente de 2021.
O terceiro destino do calçado brasileiro no exterior foi a
França. Entre janeiro e setembro, foram embarcados para lá 5,3 milhões de
pares, que geraram US$ 48,85 milhões, resultado estável em volume e incremento
de 14,6% em receita na relação com o mesmo intervalo do ano passado.
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