Exportação de laranja no Brasil deve crescer nesta safra com crise na produção da fruta nos Estados Unidos
Com a produção de laranja nos Estados Unidos sofrendo os
efeitos do furacão que atingiu o estado da Flórida, a demanda pela safra
brasileira deve ser maior neste ciclo, segundo avaliação do time de consultoria
Agro do Itaú BBA.
A expectativa é que a Flórida produza sua menor safra desde
1936, aquecendo a exportação brasileira, principalmente do suco da fruta. Já o
Brasil deve produzir 314,11 milhões de caixas de laranja para o ciclo 2022/23,
de acordo com estimativas da Fundecitrus.
A quantidade é 19,4% maior do que a produzida em 2021/22. Consultor
de agronegócio do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves estima um crescimento de até
8% nas exportações brasileiras de laranja neste ciclo.
“Estamos
vendo um fluxo bom de exportação neste ano-safra. Desde julho, crescemos mais
de 15%. Tivemos também uma safra quase 20% maior, mas o estoque de suco de
laranja começou o ano em um nível muito baixo, na ordem de 140 mil toneladas.
Quando a gente pega esse estoque, considera o que já exportou e o tamanho da
safra, não dá para crescer muito mais que esses 15%. Provavelmente, vai ser até
menos até o fechamento do ano. Imagino algo entre 7% e 8% de crescimento da
exportação, o que ainda é muito bom. Mas não teríamos o potencial de exportar
muito mais do que isso porque não temos produção. Nos últimos anos, enfrentamos
problemas de redução de área de produção e mudanças climáticas. Mas, em termos
de exportação, vai ser um ano bom com uma remessa na faixa de 1,1 milhão de
toneladas e um crescimento de 36% na receita em dólar, por conta do aumento de
preço. Então, teremos mais volume, receita maior e uma oportunidade do Brasil
reduzir sua dependência da Europa e expandir dentro do mercado dos Estados
Unidos“, observa.
Presidente do Empresômetro, empresa de inteligência de
mercado, Gilberto do Amaral faz uma análise mais otimista sobre o potencial de
crescimento das exportações brasileiras. “O
primeiro semestre de 2022 teve uma boa safra, o que foi muito bom para a
exportação brasileira. Para o próximo período, o cenário é bastante promissor
podendo atingir um crescimento de 30% nas exportações. Como líder na produção
mundial, o Brasil acaba por abocanhar um pedaço do mercado dos Estados Unidos,
que está com problemas na Flórida. Podemos esperar crescimento, uma safra muito
boa e aumento de produtividade. Apesar dos problemas de infraestrutura, o país
tem rapidez na exportação e acaba atendendo o mercado europeu, EUA e China. Não
havendo nenhum problema com o dólar ou condição climática, a previsão é
crescimento. Para o próximo ciclo, as condições talvez não sejam tão favoráveis.
Então, é preciso aproveitar o cenário atual. A quebra da safra norte-americana
não vai ser permanente. Ao mesmo tempo, a própria China vem aumentando sua
produção e com isso vai ganhando espaço. Além disso, estamos à beira de uma
crise econômica internacional. Não que seja um cenário ruim, mas vai ser
desafiador. Nos anos anteriores, tivemos ciclos com leve crescimento ou pequeno
decréscimo, o que demonstra que o mercado brasileiro mantém uma boa
estabilidade na produção. Apesar de todos os desafios internos, o país consegue
ter uma produção muito eficiente, ser líder mundial e ganhar papéis importantes
no mercado internacional”, observa.
Na contramão, Frauzo Sanches, conselheiro da Associação
Brasileira de Citricultores (Associtrus), acredita na manutenção da exportação
do produto brasileiro. “Em 2022, as exportações subiram por conta de uma maior
safra de laranja e queda nos estoques norte-americanos de suco. Para 2023, a
previsão vai depender da safra brasileira de 2023/24, que começa em junho/julho.
Mas, no geral, a previsão é de uma safra igual ou até menor. Assim, não devemos
elevar o volume exportado, mas manter.
O cenário externo é favorável por conta da baixa produção da
Flórida. Devido a questões climáticas e doenças como o cancro e o greening, ano
após ano a produção na região fica comprometida. Como 95% do suco é exportado,
o cenário doméstico de demanda pouco influencia a cadeia. Estou otimista quanto
ao cenário externo e isso deve impactar positivamente nos preços ao
citricultores”, disse Sanches.
“O ideal para fortalecer a cadeia é uma política bilateral de
redução de impostos de importação do suco, maiores investimentos internos em
defesa sanitária e um equilíbrio melhor de remuneração produtor versus
indústria. Não haverá aumento nos estoques 2022/23 porque as duas safras
anteriores foram muito afetadas por uma severa seca. Somando isso às constantes
quedas de produção na Flórida, o cenário é de máximo equilíbrio”, pondera.
Segundo a Fundecritrus, espera-se que sejam colhidas 314,11 milhões de caixas
neste ciclo, volume 20,52% maior do que o da safra anterior e 1,1% maior em
relação à média dos últimos dez anos.
*JP
Comentários
Postar um comentário
Olá, agradecemos a sua mensagem. Acaso você não receba nenhuma resposta nos próximos 5 minutos, pedimos para que entre em contato conosco através do WhatsApp (19) 99153 0445. Gean Mendes...