O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino,
confirmou, hoje (10), que os órgãos responsáveis pela investigação do ataque às
sedes dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) no último domingo
(8), já identificaram alguns dos financiadores da ação que resultou na
depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal
Federal (STF).
“Temos uma investigação em curso, que ainda vai ter muitos
desdobramentos. Já foram identificados os primeiros financiadores, sobretudo em
relação aos ônibus [que trouxeram os participantes dos atos à capital federal]:
aqueles que organizaram o transporte, que contrataram os veículos. Estas
pessoas já estão todas identificadas”, disse Dino a jornalistas que
acompanharam a cerimônia de posse do novo diretor-geral da Polícia Federal
(PF), Andrei Rodrigues, nesta manhã.
Sem fornecer mais detalhes sobre as pessoas já identificadas,
Dino informou que, entre os financiadores, há desde pequenos comerciantes até
empresários do agronegócio e indivíduos ligados a colecionadores, atiradores
desportivos e caçadores.
“Não é possível identificar um único segmento. O que posso
afirmar é que a investigação está em curso; já foram feitas as primeiras
individualizações [caracterizações da participação nos atos] e, com isso,
haverá o prosseguimento que cabe: a aplicação das sanções previstas em lei”,
acrescentou o ministro, que considerou o episódio do último domingo um “evento extremo,
agressivo e violento”.
Segundo o ministro, os primeiros financiadores identificados
estão espalhados por dez unidades federativas e poderão responder por
associação criminosa e prática de crimes contra o Estado Democrático de
Direito, tentando destituir um governo legitimamente eleito, entre outros
delitos previstos no Código Penal brasileiro.
“Todas as pessoas que ali estavam, estavam com este
propósito: invadir, depredar, sitiar, depor o governo. Basta ver o slogan da
manifestação. Logo, não há nenhuma dificuldade de [apontar as
responsabilidades] individualização”, disse o ministro.
Ontem (9), o Exército e a Polícia Militar do Distrito Federal
desocuparam a área em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
Centenas de pessoas que não aceitam o resultado das eleições presidenciais e
defendem a adoção de medidas antidemocráticas, como intervenção militar que
impeça o presidente Lula de permanecer no cargo, estavam acampadas no local desde
os primeiros dias de novembro de 2022. Segundo a governadora em exercício do
Distrito Federal, Celina Leão, cerca de 1,5 mil pessoas foram detidas no local
por envolvimento nos atos de vandalismo. O ministro Flávio Dino, contudo, disse
que o número ainda não é definitivo.
“Tivemos a apreensão de aproximadamente 1,5 mil pessoas, mas
agora estamos tratando das individualizações. Trata-se da maior operação de
polícia judiciária da história do Brasil, mas não se trata de uma prisão em
massa. É preciso identificar cada pessoa e o que ela fez. Temos equipes
trabalhando nisso, fazendo as oitivas, lavrando autos de apreensão e de prisão
em flagrante. Além disso, houve algumas situações humanitárias que foram
solucionadas ontem mesmo. Nossa expectativa é que, ainda hoje, à noite,
tenhamos um número definitivo”, concluiu Dino.
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