O novo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), teve sua primeira reunião com o prefeito da capital paulista,
Ricardo Nunes (MDB), na última quinta-feira, 5.
Um dos temas tratados no encontro realizado no Palácio dos
Bandeirantes foi a possibilidade de rever o programa Olho Vivo, que introduziu
o uso de câmeras nos uniformes da Polícia Militar do Estado.
Anteriormente, o secretário de Segurança Pública da nova
gestão, Guilherme Derrite, disse em entrevista a uma rádio do interior do
Estado que pretende rever o programa. A expressão provocou uma série de
reações.
O Ministério Público destacou que a expressão de “rever o
programa” poderia ser encarada como uma “autorização para que os policiais
tenham licença para matar”; o Ministério da Cidadania e Direitos Humanos do
governo federal emitiu uma nota demonstrando preocupação de que o programa seja
encerrado.
Um estudo da Fundação Getúlio Vargas contratado ainda na
gestão de Rodrigo Garcia (PSDB) revelou que o uso de câmeras portáteis nos
uniformes de PMs de São Paulo evitou 104 mortes, uma redução de 57% em relação
ao período anterior em que a medida entrou em vigor. Questionado sobre a
declaração do secretário, Tarcísio afirmou que toda política pública deve ser
reavaliada, mas assegurou que ações com bons resultados vão continuar. “Não existe desalinhamento nenhum. É a
questão temporal. Neste primeiro momento nada muda. O programa de câmeras tem
gerado suas avaliações positivas, tem trazido uma percepção de segurança para
segmentos importantes da sociedade, aqueles segmentos mais vulneráveis, que
precisam ter essa percepção de segurança. Então, não vamos alterar nada. Ao
longo do tempo, nós vamos observar e reavaliar a política como qualquer outra
política”, declarou o governador.
A reunião no Palácio dos Bandeirantes durou cerca de duas
horas. Além do governador e do prefeito da capital paulista, participaram
secretários estaduais e municipais de diversas pastas. Estado e prefeitura
também afirmaram que vão se unir para tentar acabar com a Cracolândia, na
região central da cidade de São Paulo.
Segundo Tarcísio, o plano inicial na região prevê ações nas
áreas da saúde e assistência social: “Nós
vamos integrar uma série de políticas públicas, a política de assistência
social no que diz respeito a capacitação, reinserção no mercado de trabalho; a
política de saúde com a recuperação, o tratamento dos dependentes químicos, o
aumento da nossa capacidade de recepção nesse sistema, a gente vai oferecer
mais vagas para recuperação de tratamento de dependente químico; as ações na
segurança pública, e aí entra essa questão de tecnologia, de monitoramento,
para impedir o livre fluxo da droga, o livre fluxo dos traficantes; a questão
da habitação, para que a gente aumente e oferte moradia e possa ter abrigo para
essas pessoas que vão ser retiradas da rua; e os projetos de revitalização no
centro”, disse.
Uma nova reunião para tratar sobre as ações da Cracolândia
está prevista para o dia 23 deste mês, com a presença também do Ministério
Público, do poder Judiciário e integrantes da sociedade civil.
*Com informações do repórter David de Tarso
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