Alunos do Ensino Médio podem receber bolsa a partir de março - Poupança para estimular desempenho escolar tem R$ 6,1 bilhões em fundo
O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou nesta
terça-feira (9) que o governo prevê o início do pagamento de incentivo aos
estudantes pobres do ensino médio a partir de março. O valor individual do
benefício ainda deverá ser detalhado em regulamentação, e após o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva sancionar o texto da Medida Provisória (MP) que
institui o programa e que foi aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro do
ano passado.
"Nós estamos trabalhando para que, a partir de março, os
estudantes já comecem a receber o pagamento. Esse é o calendário, nós estamos
trabalhando porque isso envolve Caixa Econômica Federal, envolve também os
estados, Para que a gente possa executar esse programa", afirmou a
jornalistas, no Palácio do Planalto, após participar de reunião com o
presidente da República. "Esta é a etapa [do ensino básico] onde há mais
abandono e evasão escolar, principalmente o primeiro ano do ensino médio",
argumentou o ministro.
A MP enviada pelo governo e aprovada pelo Congresso prevê o
incentivo para os estudantes cadastrados no Cadastro Único de Programas Sociais
(CadÚnico), que seja contemplado pelo Bolsa família, ou para jovens de 19 a 24
anos matriculados no programa Educação de Jovens e Adultos (EJA). O esperado é
que o benefício alcance cerca de 2,5 milhões de jovens.
Auxílios
O programa prevê o pagamento de dois tipos de auxílio. O
primeiro será pago mensalmente, ao menos por nove meses ao ano, e poderá ser
sacado a qualquer momento. O segundo pagamento previsto é anual, feito ao final
da conclusão de cada ano letivo, mas o saque, nesse caso, só poderá ser feito
após a conclusão de todo o ensino médio.
O aluno ainda deverá ter uma frequência escolar de 80% dos
dias letivos, sem reprovação. Além disso, deverá participar de exames como o
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem). Caberá aos governos estaduais a adesão ao programa e o
atestamento da frequência e desempenho escolares dos alunos beneficiados.
Os recursos que a União usará para bancar essa política virão
dos superávits financeiros do Fundo Social (FS). Criado para receber recursos
do governo federal com exploração do petróleo do pré-sal, esse fundo prevê o
financiamento de ações em outras áreas, como saúde pública, ciência e
tecnologia, meio ambiente e mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
No mês passado, Camilo Santana, já havia anunciado a transferência, pelo Ministério da Fazenda, de R$ 6,1 bilhões para o fundo que custeará o programa, que foi batizado de Poupança de Incentivo à Permanência e Conclusão Escolar para Estudantes do Ensino Médio público, o Pé-de-Meia.
Novo Ensino
Médio
Sobre o projeto de lei que mexe nas regras do novo ensino
médio, cuja votação do relatório foi adiada para ser votada este ano, Camilo
Santana defendeu que o Congresso Nacional leve em conta o que foi apresentado
na consulta pública realizada com estudantes, comunidades e educadores ao longo
do ano passado, e depois enviado como projeto de lei pelo presidente da
República. Ocorre que a proposta apresentada pelo deputado federal Mendonça
Filho (União Brasil-PE), relator do PL, foi bastante modificada em relação ao
texto original. Mendonça Filho era ministro da Educação do governo Michel Temer
quando o novo ensino médio foi proposto, em 2017, e praticamente manteve os
mesmos parâmetros vigentes.
"Nós vamos abrir novamente o diálogo com o presidente da
Casa [Câmara dos Deputados], com o relator, que é o ex-ministro Mendonça Filho.
Vamos novamente dialogar com o Parlamento para que a gente possa aprovar o
projeto que foi encaminhado. Até porque não foi um projeto construído apenas
pelo presidente, pelo Ministério [da Educação]. Foi um projeto construído por
várias instituições, desde os estados, os professores, os secretários, os
estudantes".
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