Entenda o Programa Acredita, que pretende ampliar acesso ao crédito - Medidas também preveem ajuda a micro e pequenas empresas
Com o potencial de destravar até R$ 30 bilhões em crédito, o
Programa Acredita, lançado nesta segunda-feira (22), pretende incentivar
investimentos, criar empregos e melhorar o desenvolvimento econômico. Uma das
diretrizes prevê ajuda a microempreendedores individuais (MEI), micro e
pequenas empresas.
O programa baseia-se em quatro eixos. O primeiro, chamado de
Acredita no Primeiro Passo, representa um programa de microcrédito para
inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
(CadÚnico). Voltado aos negócios de pequeno porte, o segundo eixo se chama
Acredita no Seu Negócio, e terá uma versão do Desenrola, programa de
renegociação de dívidas para micro e pequenas empresas e um programa de crédito
para esse público.
O terceiro eixo visa a criação de um mercado secundário
(mercado de troca de ativos) para o crédito imobiliário. Chamado de Eco Invest
Brasil, o quarto eixo pretende criar um programa de proteção cambial para
investimentos verdes para atrair investimentos internacionais em projetos
sustentáveis no Brasil.
A maior parte dos recursos para o programa virá do Fundo
Garantidor de Operações (FGO). Formado com recursos do Tesouro Nacional, o FGO
cobriu eventuais calotes de quem aderiu à renegociação da Faixa 2 do Desenrola.
Outra parte virá da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), que usará recursos
próprios para estimular o crédito imobiliário.
O efeito para o Orçamento federal será pequeno e constará de
renúncias fiscais, quantia que o governo deixará de arrecadar em tributos. O
impacto está previsto em R$ 18 milhões para 2025, R$ 3 milhões em 2026 e nenhum
em 2027.
Confira as
principais medidas do Programa Acredita:
Desenrola
Pequenos Negócios
– Versão do
Programa Desenrola Brasil destinada à renegociação de dívidas de MEI e de micro
e pequenas empresas;
– Inicialmente
anunciado para o primeiro trimestre, a iniciativa foi lançada com um mês de
atraso;
– Dívidas inadimplentes
com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
(Pronampe) renegociadas até o fim de 2024 poderá ser contabilizada como crédito
presumido dos bancos de 2025 a 2029. Os créditos presumidos são uma espécie de
incentivo do governo concedido às instituições financeiras;
– Programa entrará
em vigor assim que a medida provisória for publicada, nesta terça-feira (23).
Crédito a
MEI, micro e pequenos empresários
• Linha ProCred 360:
– Destinada a MEI e
a micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 360 mil;
– Juros fixados em
Selic (juros básicos da economia), mais 5% ao ano;
– Pagamento de
juros no período de carência, antes do pagamento da primeira parcela;
– Início dos
empréstimos em 60 dias.
• Desconto no Peac:
– Redução de 20% do
Encargo por Concessão de Garantia (ECG), dentro do Peac;
– Válido para
empresas de até médio porte, com faturamento de R$ 300 milhões por ano;
– Limite expandido
no valor máximo dos empréstimos, de 50% do faturamento bruto anual, para
empresas com Selo Mulher Emprega Mais, que tenham mulheres como sócias
majoritárias ou sócias administradoras.
Renegociação
no Pronampe
– Empresas
inadimplentes com Pronampe podem renegociar dívidas com os bancos, mesmo após a
honra das garantias, quando instituições tomam bens dados para cobrir
inadimplências
Sebrae
– Capitalização do
Fundo de Aval para a Micro e Pequena Empresa (Fampe) pelo Sebrae, que alcançou
R$ 2 bilhões em patrimônio líquido;
– Aumento das
linhas de crédito, previsão de conceder até R$ 30 bilhões nos próximos três
anos.
Crédito
imobiliário
– Criada para gerir
ativos podres de bancos que quebraram na década de 1990, a Emgea usará cerca de
R$ 10 bilhões dos próprios ativos para securitizar (converter papéis) no
mercado de crédito imobiliário;
– Emgea poderá
adquirir créditos imobiliários para incorporar em sua carteira ou vender no
mercado, assim como títulos de valores mobiliários;
– Medida pretende
fortalecer mercado secundário (troca de papéis) de crédito no setor;
– Tesouro Nacional
não fará aporte à Emgea. Toda a operação será feita com recursos próprios da
empresa.
Fundo
Garantidor de Operações
– R$ 4 bilhões do
Fundo Garantidor de Operações (FGO) para o Procred 360;
– R$ 3 bilhões do
FGO para a renegociação do Pronampe;
– R$ 1 bilhão do
FGO para linha Acredita no Primeiro Passo, de microcrédito a inscritos no
CadÚnico.
Projetos
sustentáveis
– Lançamento do Eco
Invest Brasil, Proteção Cambial para Investimentos Verdes (PTE), em parceria
com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Central;
– Alavancagem de
recursos já disponíveis no país: investimentos em reais poderão ser atrelados
ao dólar, garantindo dinheiro em moeda nacional para os investidores em caso de
desvalorização do real;
– PTE busca reduzir
custo de proteção cambial para projetos com prazo acima de dez anos;
– Linhas de crédito
a custo competitivo para financiar parcialmente projetos de investimentos
alinhados à transformação ecológica que usem recursos estrangeiros;
– Programa não se
propõe a interferir no mercado de câmbio;
– Público alvo:
investidores estrangeiros, as empresas de projetos sustentáveis, o mercado
financeiro e as entidades governamentais envolvidas em sustentabilidade.
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