Estudo mostra que consumo excessivo de proteínas pode causar doenças cardiovasculares - Pesquisa da USP explica a importância de consultar nutricionistas antes de iniciar uma dieta protéica
Pesquisa feita pela Universidade de Pittsburgh e publicada na
revista especializada Nature Metabolism mostra que o excesso de proteínas pode
prejudicar a saúde e indica que dietas com mais de 22% de proteína aumentam
significativamente o risco de aterosclerose, podendo levar a doenças
cardiovasculares. Dan Linetzky Waitzberg, professor do Departamento de
Gastroenterologia da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo
(USP) e do Laboratório de Nutrição e Cirurgia Metabólica do Aparelho Digestivo
do Hospital das Clínicas (HC), explica quais os impactos desse consumo
excessivo no organismo e a importância de acompanhamento profissional nas
dietas.
Aminoácido
Leucina
De acordo com o especialista, as proteínas animais estão
associadas ao aumento da lipoproteína de baixa densidade, também conhecida como
colesterol LDL, e também da inflamação crônica e estresse oxidativo, o que pode
ser fator de risco para doenças cardiovasculares. Ele conta que, em parte, isso
pode ser explicado pelas altas taxas de gordura saturada e colesterol que estão
presentes nas fontes da proteína animal.
Waitzberg conta que a pesquisa feita nas universidades de
Pittsburgh e Missouri com camundongos mostrou que não apenas o acúmulo de
gordura é responsável pela aterosclerose, mas também o aminoácido leucina, que
não é sintetizado pelo corpo humano e precisa ser ingerido nas carnes. “A
novidade é que não é o acúmulo de gordura apenas como responsável, pois há uma
sinalização desse aminoácido leucina contribuindo para que macrófagos sejam
ativados e eles sinalizam para a formação da placa aterosclerótica. Então, é um
mecanismo novo, eles encontraram e responsabilizaram um determinado aminoácido
como sinalizador molecular”, explica.
Dietas
Conforme o docente, a indicação de dietas proteicas precisa
levar em conta as subjetividades de cada indivíduo, como peso, idade, gênero e
rotina de atividades físicas. Ele conta que as dietas são divididas em
normoproteica, hiperproteica ou hipoproteica, dependendo do quanto de proteína
precisa ser consumida no dia pela pessoa.
“Uma pessoa saudável, que pratica atividade física
regularmente e não tem nenhuma doença metabólica, precisa de cerca de 18% a 20%
de proteína nas suas refeições diárias. O que acontece é que, nos Estados
Unidos, local da pesquisa, eles consomem níveis alarmantes de proteína e
gordura saturada, principalmente pela questão cultural de comer alimentos como
bacon e hambúrguer a todo instante”, explica.
Acompanhamento
profissional
Para Dan Linetzky Waitzberg, a dieta brasileira, composta
geralmente por arroz, feijão, salada e um pedaço de carne, é altamente
equilibrada do ponto de vista nutricional. Ele alerta, contudo, que o problema
no País é o inverso do que ocorre nos EUA, já que, por motivos socioeconômicos,
muitos indivíduos não têm acesso à proteína.
“Então, se alguém quer fazer um regime ou perder peso, é
fundamental que procure um nutricionista para que seja feito um perfil
metabólico e genético da pessoa. A partir dessa análise de qualidade de sono,
nível de estresse e condições familiares e socioeconômicas, é possível traçar a
melhor dieta para cada indivíduo”, finaliza.
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