Criminologia, direitos humanos, ciências e mais: veja como funciona Academia de Polícia - Acadepol completa 100 anos em 2024, mas foi se atualizando com passar do tempo até mesmo para que agentes estejam sempre um passo à frente
Os 4 mil aprovados no concurso da Polícia Civil do Estado de
São Paulo ingressaram na Academia de Polícia (Acadepol) na última segunda-feira
(13). Lá, o grupo que passou para as vagas de delegados, investigadores,
escrivães e legistas vai se aprofundar nos estudos sobre criminologia, tiro ao
alvo, ciência, tecnologia, investigação, gestão de atendimento ao público e uma
série de outras matérias que vão torná-los prontos para exercer a missão
policial.
O período de duração do curso é de quase seis meses para os
delegados e de três meses e meio para as outras carreiras. Durante esse tempo,
os novos agentes também farão estágios em delegacias e em unidades do Instituto
Médico Legal (IML) para conhecerem o trabalho na prática.
Na primeira semana, os que tomaram posse dos cargos ficarão
no Campus I da Acadepol, localizado no Butantã, zona oeste da capital paulista.
Depois disso, a turma será dividida e designada para as regiões que escolheram,
onde continuarão os estudos nas Unidades de Ensino Policial do Interior.
A Acadepol completa 100 anos em 2024, mas foi se atualizando
com o passar do tempo, até mesmo para que os agentes estejam sempre um passo à
frente da criminalidade.
“Todo curso de formação sempre tem uma coisa a mais do que
outro porque surgem crimes, leis, doutrinas e ferramentas novas, então, nós
temos a responsabilidade de passar para esse aluno exatamente a polícia que ele
vai encontrar”, explicou a diretora da Academia, Márcia Heloísa Mendonça Ruiz.
A delegada ressaltou, porém, que há disciplinas que
permanecem essenciais para o exercício da profissão e transcendem o tempo, como
a investigação policial, direitos humanos e inquérito policial.
Além de capacitar novos policiais para o trabalho, a Acadepol
oferece cursos de especialização, treinamento e atualização para que os agentes
possam se aprofundar mais em estudos de determinadas áreas.
Como o
aluno é avaliado e o que acontece se ele não passar?
As provas são realizadas por meio de uma metodologia ativa de
aprendizagem, que consiste em estimular os alunos a participarem das aulas e dá
a eles o protagonismo sobre o seu próprio conhecimento.
O delegado divisionário da Secretaria de Cursos de Formação e
professor de provas dependentes da memória, Anderson Pires Giampaoli, contou
que o aluno é avaliado desde o primeiro ao último dia de aula. Pelo menos 20
pontos da nota são atribuídos a participação dele nas disciplinas. Ao final, o
novo policial realizará a prova que vai compor a nota.
Os alunos são divididos em posições, então quem teve a nota
mais alta pode escolher a região onde vai começar a carreira. O segundo e
terceiro colocados também.
Apesar disso, a diretora da Acadepol afirmou que geralmente
os novos policiais se empenham nos estudos justamente para poderem escolher a
região que querem trabalhar. “Se o agente mora em Sorocaba, por exemplo, ele
pode escolher uma unidade mais próxima de sua casa se ficar entre os primeiros
colocados e, caso não, ele será designado para a região que sobrou e pode não
ser de seu agrado”, comentou.
Mesmo aprovados no concurso, há alunos que podem não passar
nas disciplinas oferecidas na Acadepol. Quando isso acontece, a administração
da unidade de ensino realiza um procedimento analisado pela Corregedoria-Geral
da Polícia Civil e, se comprovada a inaptidão, o policial é desclassificado.
Os mais de 4 mil aprovados para a Polícia Civil de São Paulo
representam a maior nomeação da história da instituição e, para os professores,
“é uma honra contribuir com o futuro da polícia”, destacou o delegado
Giampaoli.
Apaixonado por ensinar, o delegado Giampoli ressaltou que, se
contar com a formação do ano que vem, com aproximadamente 3,5 mil vagas, o
grupo representa de 20% a 30% do efetivo do estado. Para ele, “entregar a
melhor e mais avançada formação da polícia é o mais importante”.
O delegado e professor de Inquérito Policial, Rafael Moraes,
contou que poder discutir questões que colaborem para buscar soluções efetivas
para a sociedade é sua parte favorita do trabalho. “Até me empolgo em falar
porque nós discutimos assuntos aqui que podem revolucionar o trabalho policial
e, como consequência disso, impactar a sociedade”, afirmou.
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