O
Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM),
Almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria, representando a Marinha do
Brasil, participou da Audiência Pública das Comissões de Minas e Energia e de
Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde, realizada na Câmara dos
Deputados. O evento, requerido pelos deputados Arnaldo Jardim e Julio Lopes,
abordou a crescente importância da energia nuclear no contexto global, sua
relevância na transição energética, além dos benefícios, desafios e
perspectivas dessa fonte no mundo contemporâneo.A abertura contou com a
presença do Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA),
Rafael Mariano Grossi, que contextualizou o panorama mundial segundo a visão da
AIEA e falou de sua vinda ao Brasil.”A energia nuclear tem que ser não somente
tolerada, mas acelerada. É um consenso global: a nuclear tem que ser acelerada
paralelamente às renováveis. A tendência é de alta diante de novas tecnologias,
como a de pequenas usinas (SMRs) e de sinalizações positivas vindas dos Estados
Unidos e da Europa. As energias limpas representam 30% do total de energia
produzida mundialmente, e a energia nuclear é responsável por uma parte
significativa desse percentual. Na Europa, onde os debates sobre a
adaptabilidade e conveniência da energia nuclear são intensos, metade da
energia limpa é de origem nuclear”, afirmou o Diretor-Geral da AIEA. Grossi
enfatizou ainda que o Brasil é uma nação de grande relevância no setor nuclear.
Não há discussão sobre esse tema no mundo sem a participação brasileira. “O
país tem demonstrado um progresso significativo e possui um programa nuclear
robusto, incluindo a produção de combustível nuclear e avanços na pesquisa de
reatores”, concluiu.
Na segunda
mesa, coordenada pelo Deputado Arnaldo Jardim, o tema abordado foi “Iniciativas
no Âmbito Internacional”. A discussão contou com a participação remota de
Ernest Moniz, Diretor-Executivo da Energy e ex-Secretário de Energia dos
Estados Unidos, que comentou sobre as ações internacionais em energia nuclear.
Isabelle Boemeke, Diretora-Executiva do “Save Clean Energy” e influenciadora
digital na área de energia nuclear, destacou que a energia nuclear é vital para
um futuro em que a humanidade não só sobreviva, mas também prospere. A terceira
e última mesa, coordenada pelo Deputado Julio Lopes, também contou com a
participação de diversas autoridades, incluindo o Almirante de Esquadra
Rabello, e o Diretor-Presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo Leite. Estiveram
presentes, também, o Diretor-Presidente da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa
S.A. (AMAZUL), Vice-Almirante Newton de Almeida Costa Neto, o Presidente da
Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN),
Celso Cunha, e o Professor Doutor responsável pelo Laboratório de Irradiação de
Alimentos e Radioentomologia do Centro de Energia Nuclear na Agricultura
(CENA/USP), Thiago de Araújo Mastrangelo.O debate proporcionou troca de
informações, apontou os avanços na área nuclear e estimulou reflexões e
iniciativas que conduzam a um futuro mais sustentável e seguro para todos. Em
sua fala, o Almirante de Esquadra Rabello destacou a importância da energia
nuclear no mundo e os programas estratégicos: Programa de Desenvolvimento de
Submarinos e Programa Nuclear da Marinha, cujo objetivo principal é a obtenção
do primeiro Submarino Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA) do Brasil. “Todas
as grandes transformações mundiais tiveram, de alguma maneira, relação com
mudanças energéticas. O Brasil é um player importante porque, além de termos
urânio, temos o conhecimento. Temos a tecnologia para processá-lo e
transformá-lo em combustível. Só três países têm essas vantagens: a China, a
Rússia e o Brasil. Temos muito cuidado com o ambiente da região onde estamos
instalados. Existe uma obrigatoriedade de mapeamento dessas condições
ambientais para verificar o nível de radiação. Nós ampliamos e dobramos esse
alcance para o nosso laboratório em Aramar. Nunca tivemos qualquer problema na
região. Além de cooperação técnica com a AIEA, temos uma parceria humanitária;
ela nos doou três mamógrafos que hoje estão instalados em nossos navios
hospitais, que navegam na Amazônia. Então, essa nossa parceria com a Agência
tem benefícios para os brasileiros”, declarou o Diretor-Geral de
Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha.
O Diretor-Presidente da AMAZUL também fez importantes considerações durante a audiência. “Nossa missão é fundamental para a consolidação do Programa Nuclear Brasileiro. Estamos empenhados em desenvolver tecnologias inovadoras voltadas para garantir a soberania brasileira no mar, melhorar a saúde e a qualidade de vida da população e proporcionar outros benefícios para a sociedade. A sinergia entre a AMAZUL, a Marinha e outros atores do Setor Nuclear é vital para o sucesso das nossas iniciativas. Acreditamos que a cooperação e o diálogo contínuo são essenciais para enfrentar os desafios e
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