‘Eu deveria estar morto’, diz Trump em entrevista após atentado a tiros em comício - Para o ex-presidente dos Estados Unidos, é um milagre estar vivo depois de ser vítima de um atentado no sábado (13); Serviço Secreto investiga como o atirador conseguiu chegar ao telhado com um fuzil estilo AR e ferir Trum
O
ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse, no domingo (14), ser um
milagre estar vivo depois de ser vítima de um atentado durante comício em
Butler, Pensilvânia, no dia anterior. Ele concedeu sua primeira entrevista ao
jornal New York Post a bordo de seu avião particular a caminho de Milwaukee
para a Convenção Nacional do Partido Republicano. “O médico no hospital disse
que nunca viu nada parecido, ele chamou de milagre”, disse Trump. “Eu não
deveria estar aqui, eu deveria estar morto”. O ex-presidente acrescentou que o
médico do hospital local disse a ele que nunca viu alguém sobreviver após ser
atingido por um AR-15. Segundo o jornal, que não teve autorização para fazer
fotos do ex-presidente, Trump estava usando uma bandagem branca grande e solta
que cobria sua orelha direita, atingida pelos disparos. O atirador,
identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, atirou várias vezes de um
telhado com um fuzil AR-15, antes de ser “neutralizado” por agentes do Servido
Secreto dos Estados Unidos.
Lembrado
como um homem quieto e solitário, ele não tinha histórico de problemas mentais,
nem demonstrava firmes convicções políticas em postagens nas redes sociais. O
FBI afirma que ele agiu sozinho e investiga a motivação do crime. Trump chegou
no domingo a Milwaukee para a convenção que deve confirmá-lo como candidato à
presidência pelo partido Republicano, na eleição em que deve enfrentar o atual
presidente dos EUA, Joe Biden, em novembro. Ainda de acordo com o jornal, Trump
disse que estaria morto se não tivesse virado levemente a cabeça para a direita
para ler um gráfico sobre imigrantes irregulares. Naquele instante, o tiro
arrancou um pequeno pedaço da sua orelha e espirrou sangue na sua testa e
bochecha.
Ele
acrescentou que enquanto os agentes do Serviço Secreto o levavam para fora do
palco, ele ainda queria continuar falando com os apoiadores, mas os agentes
disseram que não era seguro e que eles tinham que levá-lo para o hospital. O
ex-presidente elogiou a atuação dos agentes antes de desabotoar sua camisa para
mostrar um grande hematoma no seu antebraço direito, ilustra a publicação. “Os
agentes me empurraram tão forte que meus sapatos caíram, e meus sapatos são
apertados”, disse com um sorriso.
O
ex-presidente também comentou sobre a foto tirada instantes depois que o tiro
atingiu a sua orelha: “Muitas pessoas dizem que é a foto mais icônica que já
viram. Elas estão certas e eu não morri. Geralmente você tem que morrer para
ter uma foto icônica.” O republicano disse que o episódio o fez mudar seu
discurso já escrito para a próxima quinta-feira (18), quando ele deve receber
oficialmente a indicação do partido para ser candidato à presidência novamente.
“Eu tinha preparado um discurso extremamente duro, realmente bom, todo sobre a
administração corrupta e horrível. Mas joguei fora.” “Eu quero tentar unir
nosso país”, disse sobre o novo discurso que estaria sendo escrito. “Mas eu não
sei se isso é possível. As pessoas estão muito divididas”.
Investigação
O Serviço
Secreto dos EUA está investigando como o atirador, armado com um fuzil estilo
AR, conseguiu chegar ao telhado nas proximidades e ferir o ex-presidente. O
atirador, que segundo oficiais foi morto pelos agentes do Serviço Secreto,
disparou múltiplos tiros em direção ao palco de uma “posição elevada fora do
local do comício”, disse a agência. Trump foi ferido e um espectador foi morto.
Uma análise da Associated Press de mais de uma dúzia de vídeos e fotos tiradas
durante o comício de Trump, bem como imagens de satélite do local, mostra que o
atirador conseguiu chegar surpreendentemente perto do palco onde o
ex-presidente estava falando. O telhado ficava a menos de 150 metros de onde
Trump estava. O presidente Joe Biden pediu uma investigação independente da
segurança no comício.
De acordo com as primeiras informações, Thomas Matthew Crooks era funcionário de uma casa de repouso nos subúrbios de Pittsburgh e um republicano registrado que colocou explosivos no veículo que dirigiu até o comício a uma hora de distancia da sua casa. As autoridades consideram o caso uma tentativa de assassinato contra Trump, mas ainda não determinaram a motivação do atirador. O FBI ainda não identificou qualquer ideologia subjacente, escrita ameaçadora ou posts em mídias sociais de Crooks, que não tinha casos criminais anteriores contra ele, de acordo com registros judiciais públicos. O FBI acredita que ele agiu sozinho e o ataque está sendo investigado como um potencial ato de terrorismo domestico.
Além de
Trump, a Polícia Estadual da Pensilvânia identificou outros dois homens que
foram baleados como David Dutch, 57, de New Kensington, e James Copenhaver, 74,
de Moon Township. Ambos permaneceram hospitalizados e estão em condição
estável, disse a polícia estadual. Corey Comperatore, 50, um ex-chefe de
bombeiros, morreu no atentado ao se jogar para proteger a sua família, informou
o governador Josh Shapiro “Corey morreu como um herói”, disse o governador.
Em um
pronunciamento nacional em horário nobre, o presidente Joe Biden disse no
domingo (14) que as paixões políticas podem ser intensas, mas “nunca devemos
descer ao nível da violência.” “Democracia americana – onde os argumentos são
feitos de boa fé. Democracia americana onde o Estado de direito é respeitado.
Onde decência, dignidade, jogo limpo não são apenas noções antiquadas, são
realidades vivas, respirando.”
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