A desestatização da Sabesp foi concluída nesta terça-feira
(23) com o evento de toque de campainha na B3. Com a liquidação da oferta
pública na última segunda (22), termina o processo iniciado em 28 de fevereiro
de 2023, com a qualificação no Programa de Parcerias em Investimentos do
Governo de São Paulo. A desestatização resultou em uma captação de R$ 14,7
bilhões, a maior oferta pública de 2024 das Américas.
A oferta pública da Sabesp superou diversos marcos do
mercado de capitais brasileiro. Além de ser a maior oferta pública do Brasil e
das Américas em 2024, ela teve a maior demanda de investidores institucionais
para uma oferta brasileira em toda a história. Recebeu também o terceiro maior
número de ordens para uma oferta brasileira da história. A proposta da
Equatorial de R$ 6,9 bilhões por 15% da Sabesp é considerada a maior ordem
individual alocada em uma oferta do país. No setor de saneamento, é a maior
oferta pública da história mundial e, considerando-se todas as chamadas
“utilities”, que incluem outros serviços como distribuição de gás e energia,
foi a terceira maior do mundo este ano.
“Hoje é um dia histórico. Em pouco mais de um ano, estruturamos uma operação complexa e inédita, que recebeu aval da Assembleia Legislativa e de mais de 370 municípios antes de ser apresentada ao mercado. Vamos mudar a realidade do cenário do saneamento no país e mostrar que é possível fazer mais e fazer melhor, principalmente para as populações mais vulneráveis. A revolução no saneamento chegou e ela está começando hoje no estado de São Paulo”, disse o governador Tarcísio de Freitas
Com a liquidação da oferta, o novo contrato de concessão,
assinado em 24 de maio, após a aprovação pela Unidade Regional de Serviços de
Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário Sudeste (Urae-1), entra
em vigor nesta terça. Também nesta terça passa a valer a tarifa reduzida com a
desestatização. O valor vai ficar 10% mais barato para as tarifas social e
vulnerável, 1% mais baixo para a residencial e 0,5% para as demais categorias.
Com o novo contrato, entram em vigor a antecipação das
metas de universalização de 2033 para 2029 e o Plano Regional de Saneamento
Básico, que prevê investimentos de R$ 260 bilhões até 2060, dos quais R$ 69
bilhões serão aplicados até 2029 para levar água potável, tratamento e coleta
de esgoto para toda a população.
“Esse é um projeto para levar mais saúde e qualidade de
vida para pessoas que hoje não têm água e esgoto. É um projeto que mexe com
vidas. Assumimos o compromisso de elevar os investimentos e reduzir a tarifa
para a população e estamos cumprindo”, afirmou Natália Resende, secretária de
Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo.
A desestatização da Sabesp foi estruturada com apoio
técnico da International Finance Corporation (IFC), instituição do Banco
Mundial voltada ao desenvolvimento do setor privado em mercados emergentes. A
oferta pública de ações da Sabesp foi conduzida pelos bancos coordenadores: BTG
Pactual, Bank of America, Citi, UBS, Itaú BBA, Bradesco BBI, Goldman Sachs,
J.P. Morgan, Morgan Stanley, Safra, Santander e XP.
Diálogo
e transparência
O processo foi conduzido desde o início com ampla
transparência. Cada etapa da desestatização foi resultado de conversas com a
sociedade, prefeituras, parlamentares, órgãos de controle, judiciário, e o
mercado. E o resultado foi a valorização das ações, o que permitiu que a oferta
pública fechasse em R$ 14,8 bilhões, R$ 4,8 bilhões a mais que o previsto
inicialmente na Lei Orçamentária de 2024.
O preço por ação final da oferta pública ficou 35,5% acima
do fechamento do dia da qualificação pelo PPI e está 22,8% acima do valor pelo
qual a ação foi negociada em 24 de julho de 2023, um ano antes da conclusão da
desestatização.
Depois de anunciado o Investidor de Referência, a ação
valorizou ainda mais. De 28 de junho a 22 de julho, a cotação da Sabesp subiu
16%, de R$ 74,97 para R$ 87.
Houve centenas de reuniões ao longo de seis meses com
prefeitos de municípios atendidos pela Sabesp para definição do escopo do plano
de investimentos. Na consulta pública feita de 15 de fevereiro a 15 de março,
foram recebidas 975 contribuições, das quais 480 foram integralmente acatadas.
Esse diálogo permitiu aprimorar o documento final, aperfeiçoar o contrato e a
nova regulação e detalhar o plano de investimentos.
Também a Lei 17.853/2023, que autoriza a desestatização da
Sabesp e estabelece as diretrizes para a operação, foi resultado de um amplo
debate com o parlamento estadual e a sociedade. O texto foi debatido na casa e
teve 26 emendas acolhidas no relatório final.
O novo contrato de concessão e o Plano Regional de Saneamento Básico foram aprovados em 20 de maio, quando a Unidade Regional de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário Sudeste (Urae-1) teve o seu Conselho Deliberativo instalado. Neste dia também foram eleitas a Coordenadora e a Suplente do conselho. Para Coordenador, o Conselho escolheu a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, com 86,09% dos votos. Já para suplente, foi eleita Thiely Verônica Bressani, de Franco da Rocha, com 66,22% dos votos. A oferta pública teve início no dia 21 de junho e aconteceu em duas etapas: até 28 de junho, foi o processo de escolha dos Investidores de Referência finalistas, com a definição pela Equatorial. Depois, de 1 a 15 de julho, investidores de diferentes perfis puderam apresentar suas propostas pelas ações da Sabesp.
“Estamos aqui hoje para hoje para começarmos, juntos, uma
jornada para tornar a Sabesp ainda mais forte. E para atingir um objetivo de
grande relevância para a nossa sociedade: a universalização do serviço de água
e esgoto no estado de São Paulo. Um direito fundamental para cada cidadão e
família desse estado”, afirmou Augusto Miranda de Paes Júnior, CEO da
Equatorial e investidor estratégico da Sabesp.
Com a conclusão do processo de desestatização, a nova
gestão da Sabesp assume a empresa após a eleição do novo Conselho de
Administração, em assembleia geral de acionistas. Antes, a aquisição de 15% das
ações da Sabesp pela Equatorial precisa ser aprovada pelo Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
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