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Médico da USP explica como funciona o descolamento de retina

Retina, membrana que recobre o interior dos olhos com células fotossensíveis; descolamento de retina, doença oftalmológica que pode causar danos irreversíveis à visão se não tratada precocemente. Trata-se de uma lesão muito grave, explica Marcelo Rego, chefe do setor de Retina do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. “O descolamento pode surgir após um trauma ou doenças como a retinopatia diabética, mas a grande maioria dos casos ocorre sem nenhuma relação com trauma ou doença.”

A retina tem uma fragilidade e isso faz com que ela rasgue em algum lugar ou em vários locais. Esse rasgo permite que o líquido entre através dele levando ao descolamento da parte mais sensível e mais importante do olho para a visão. “Se a gente comparar o olho como máquina fotográfica, seria como se fosse o filme. Uma outra comparação seria com a antena parabólica. A retina capta tudo aquilo que tem no ambiente e aquilo vai ser absorvido por ela e vai ser enviado para o cérebro para ser transformado em visão. E esse é o motivo pelo qual as pessoas que têm o descolamento da retina deixam de enxergar.”

Mas como perceber que você pode estar com o problema? Entre os sintomas que a pessoa pode apresentar estão: a percepção de pontos flutuantes na visão ou a sensação de flashes luminosos. Também podem ocorrer sombras, uma perda do campo de visão em que se passa a enxergar da metade de cima ou para baixo da visão e uma perda súbita da visão, quando se deixa de enxergar completamente de uma hora para outra.

Os danos à visão vão depender da extensão do descolamento. Quando ele ainda está pequeno, acontecendo só em uma parte periférica, no canto da retina, é possível realizar uma cirurgia e ficar sem sequela, a pessoa vai ter a visão de antes do descolamento. Se o descolamento for mais extenso e atingir a região central da visão, na grande maioria dos casos fica uma sequela, a visão não volta a ser exatamente o que era.

Importância do diagnóstico

Diagnóstico precoce e tratamento rápido são fundamentais para que o paciente não perca a visão. Nos casos em que a retina descola e há demora em descobrir o problema e tratá-lo, a pessoa pode perder totalmente a visão ou permanecer com uma visão muito baixa, mesmo após a cirurgia.

O descolamento pode acontecer sem a pessoa perceber, sem apresentar nenhum sintoma, que só vai notá-lo quando a retina descolar praticamente toda, provocando uma perda súbita da visão. Rego destaca que existem situações em que há uma chance muito aumentada de ocorrer o descolamento de retina.

“Nós podemos destacar aqui os casos de trauma ocular, pacientes que têm miopia e diabete. Essas são situações em que o acompanhamento de perto, de um especialista em retina, vai ser muito importante. Nos casos de miopia, é bom lembrar que quanto maior o grau, maior a chance de haver outros descolamentos. Quem faz a cirurgia para correção do problema precisa de um acompanhamento médico para não correr o risco de uma nova lesão.”

A técnica de cirurgia do descolamento de retina evoluiu muito nos últimos anos. Hoje há uma taxa de sucesso entre 90% e 95%. No entanto, os pacientes vão precisar de um acompanhamento bem de perto, porque pode acontecer de a retina descolar novamente. Quem sofre um descolamento deve estar atento em realizar exames nas duas vistas, porque há o risco de o problema afetar os dois olhos.


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