Mudanças climáticas aumentaram 20 vezes a ocorrência de incêndios florestais - Estudo revela que queimadas elevaram em 16% nas emissões de CO2, afetando a Amazônia e o Canadá.
As mudanças climáticas têm contribuído para o aumento da
probabilidade de incêndios florestais, especialmente no Canadá e na Amazônia
Ocidental, entre março de 2023 e fevereiro de 2024. Esse fenômeno não apenas
intensificou as emissões de gases de efeito estufa, mas também resultou em
graves consequências ambientais e perda de vidas. Um estudo internacional
revelou que, apesar da área total queimada ter se mantido próxima à média dos
anos anteriores, as emissões decorrentes dos incêndios florestais superaram em
16% a média histórica, alcançando 8,6 bilhões de toneladas de dióxido de
carbono. Essa marca representa a sétima maior emissão desde 2003. O relatório
intitulado “State of Wildfires” analisa a ocorrência de incêndios, suas causas
e a relação com as mudanças climáticas e o uso da terra.Na Amazônia Ocidental, a temporada de incêndios foi exacerbada
por secas prolongadas associadas ao fenômeno El Niño, que foram responsáveis
por 68% dos incêndios registrados. Além disso, atividades humanas também
desempenharam um papel significativo. O estudo, que contou com a colaboração de
instituições do Reino Unido e pesquisadores brasileiros, enfatiza a necessidade
de compreender tanto o passado quanto o presente para evitar incêndios futuros.
O estado do Amazonas enfrentou um número recorde de incêndios, resultado de uma
seca histórica que afetou gravemente a qualidade do ar. Em outubro de 2023,
Manaus foi classificada como a segunda cidade com a pior qualidade do ar no
mundo. Em resposta a essa situação crítica, o Ministério Público Federal moveu
uma ação civil contra o estado, exigindo comprovações de investimentos em
medidas de prevenção e combate a incêndios.Além do Brasil, outros países da América do Sul, como
Venezuela, Bolívia e Peru, também registraram eventos extremos relacionados a
incêndios. Um incêndio devastador em Valparaíso, no Chile, resultou na morte de
131 pessoas. O estudo utilizou dados de satélites e a expertise de
especialistas para investigar as causas dos incêndios em diversas regiões,
incluindo o Canadá, a Amazônia Ocidental e a Grécia, onde as condições para
incêndios se tornaram mais favoráveis devido às mudanças climáticas. Modelos
climáticos indicam que a frequência e a intensidade dos incêndios florestais
extremos devem aumentar até o final do século, especialmente em cenários com
altas emissões de gases de efeito estufa. Projeções sugerem que, até 2100,
eventos de magnitude semelhante ao que ocorreu em 2023 no Canadá poderão ser de
6,3 a 10,8 vezes mais frequentes, enquanto na Amazônia Ocidental, a ocorrência
de incêndios extremos poderá quase triplicar.
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