Viagem de Lula ao Chile terá como foco diversificação de parcerias Comitiva brasileira desembarca em Santiago no próximo domingo (4)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja ao Chile na próxima semana para uma visita de Estado que deverá contar com a assinatura de mais de 15 acordos bilaterais. A expectativa é diversificar a parceria entre os dois países para além da agenda comercial e ampliar o leque de produtos brasileiros exportados. A comitiva desembarcará em Santiago às 20h (horário local) de domingo.
Além de
ministros, assessores e outros integrantes do governo federal, cerca de 200
empresários brasileiros também deverão desembarcar em Santiago para participar
do Fórum Empresarial Chile-Brasil, que ocorre concomitante à agenda
presidencial.
A
embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério
das Relações Exteriores (MRE), disse que a visita é um símbolo da reaproximação
diplomática entre os dois países, após a posse de Gabriel Boric, em março de
2022.
"Nós
estamos buscando expandir essa agenda bilateral para exatamente trabalhar uma
amizade que vai além dos temas econômicos e comerciais, para assuntos como
ciência e tecnologia, defesa da democracia e direitos humanos, educação,
inovação, saúde. Nós temos uma agenda muito densa e que abrange vários
aspectos", disse Padovan, durante briefing promovido pelo Ministério das
Relações Exteriores para detalhar a viagem.
De acordo
com a secretária, o Brasil possui interesse em discutir com os chilenos
questões envolvendo a indústria de defesa - e nessa área os países já possuem
uma parceria histórica na fabricação de aeronaves - e na ampliação dos itens
agropecuários exportados ao Chile - a exemplo dos óleos. O Chile tem interesse
em discutir aspectos relativos à segurança, combate ao crime, riscos de
desastres naturais e segurança cibernética.
"Nós
queremos trabalhar para que a região não seja simplesmente uma exportadora de
commodities, mas possa também beneficiar e gerar empregos de qualidade",
afirmou. Ela destacou ainda a coincidência de posições de Lula e Boric em torno
de vários temas da agenda global como democracia, integração regional, meio
ambiente, direitos humanos, inclusão social e a situação da Palestina.
"São temas da agenda internacional em que há convergência de visões, então
o diálogo político vai ser também muito importante", analisou.
De acordo
com o Itamaraty, 17 cooperações estão prontas para serem assinadas durante a
visita, que dependerão da participação das autoridades de cada setor na
delegação brasileira.
Na área
social e de direitos humanos, por exemplo, devem ser firmadas parcerias
envolvendo a saúde pública - em razão do interesse dos chilenos na experiência
do Sistema Único de Saúde -, política de cuidados, boas práticas para recursos
hídricos e o meio ambiente, e direitos humanos das pessoas LGBTQIA+, pessoas
idosas e pessoas com deficiência, além de temas como ciência, tecnologia e
inovação.
Na esfera
comercial e de investimentos, estão previstos acordos envolvendo o
fortalecimento das relações de exportação, certificação de produtos orgânicos,
exploração de minerais considerados estratégicos para a transição energética e
estímulo ao turismo.
O Chefe da
Divisão de Argentina, Uruguai e Chile do Itamaraty, Carlos Cuenca lembra que a
visita presidencial estava prevista para maio deste ano e foi adiada em razão
da tragédia socioambiental no Rio Grande do Sul, o que permitiu que outros
acordos que até então não estavam prontos para serem assinados fossem
concluídos. "É uma lista de acordos que mostra essa diversificação da
agenda bilateral com o Chile", observou.
Brasil e
Chile já somam 188 anos de relações com mais de 90 acordos bilaterais em vigor.
O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile e o maior destino dos
investimentos chilenos em todo o mundo, com exemplos nas áreas de celulose,
varejo e energia - sendo a companhia aérea Latam a maior empresa presente em
solo brasileiro.
Por outro
lado, o Chile é o sexto maior destino das exportações do Brasil, que é o maior
investidor latino-americano no país. O intercâmbio comercial entre os dois
países atinge US$ 12 bilhões por ano.
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