Por que os incêndios florestais no Brasil estão batendo recordes? - Período mais seco se antecipou e pode piorar até o fim de setembro
Setembro mal começou, e o Brasil já vive uma crise de
incêndios florestais sem precedentes. O aumento no número de queimadas é
alarmante, e o mês mais seco do ano promete agravar ainda mais a situação. A
pergunta que surge é: por que os incêndios florestais no Brasil estão tão
altos? A resposta passa por uma combinação de fatores naturais e humanos.
Primeiramente, a seca extrema. A estiagem prolongada que atinge a Amazônia, o
Pantanal e o Cerrado cria o cenário perfeito para a propagação do fogo. O
aumento das temperaturas globais, impulsionado pelas mudanças climáticas, tem
intensificado esses períodos de estiagem, secando rios, matas e florestas. Em
2024, por exemplo, a Amazônia registrou níveis de precipitação bem abaixo da
média histórica, deixando vastas áreas vulneráveis. No entanto, o fator humano
é o principal responsável pela crise. O derrubada da vegetação é uma das
maiores causas dos incêndios. Nos últimos meses, o desmatamento na Amazônia
aumentou, o que deixa o solo exposto e a vegetação degradada, e facilita, ainda
mais, a propagação das chamas.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
mostram que os focos de calor aumentam em áreas desmatadas, onde a vegetação
cortada ou queimada ilegalmente se torna combustível fácil para o fogo. Outro
ponto crítico é o uso do fogo na agropecuária. Muitos agricultores e pecuaristas,
em especial nas regiões de Cerrado e Pantanal, ainda utilizam queimadas para
limpar áreas de pastagem ou renovar terras agrícolas. Essa prática, comum em
anos mais úmidos, torna-se extremamente perigosa em períodos de seca, quando o
controle das chamas é difícil, e pequenos focos se transformam rapidamente em
grandes incêndios. A falta de fiscalização adequada e o avanço de práticas
ilegais agravam ainda mais o problema.
Recentemente, foi sancionada a Política de Manejo Integrado
do Fogo, priorizada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA),
que busca modernizar e coordenar ações
de controle e combate ao fogo, integrando conhecimento científico, manejo
adequado e técnicas tradicionais das populações locais para prevenir incêndios
florestais descontrolados. Além disso, a política prevê a criação de brigadas
especializadas em diferentes biomas, reforçando o combate preventivo e a
atuação em áreas críticas. Apesar desse avanço, o sucesso dessas medidas
depende da implementação efetiva e de recursos suficientes. Nos últimos anos,
cortes de orçamento em órgãos ambientais e a redução de equipes de fiscalização
têm dificultado o combate ao desmatamento e às queimadas ilegais.
O impacto desses incêndios é devastador não só para a
biodiversidade, mas também para a população e a economia. A fumaça que se
espalha pelo país afeta a qualidade do ar e provoca crises respiratórias.
Economicamente, os danos são enormes. Pequenos e médios produtores perdem áreas
de cultivo e gado, o que afeta diretamente o fornecimento de alimentos e
pressiona os preços no mercado. É essencial que essa nova política de manejo do
fogo seja acompanhada de ações mais robustas.
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