Auditoria do INSS aponta 1,9 milhão de pedidos para excluir desconto - 90% dos requerimentos descrevem que o beneficiário não autorizou a inclusão do desconto
Uma auditoria interna do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) apontou os prejuízos administrativos e financeiros causados pelas
entidades que realizavam descontos não autorizados de mensalidades
associativas.
O relatório faz parte da investigação da Operação Sem
Desconto, da Polícia Federal (PF), deflagrada na semana passada para combater
descontos não autorizados nos benefícios. Parte do segredo de Justiça da
apuração foi derrubado nesta segunda-feira (28).
De acordo com os auditores, os descontos irregulares causam
impacto na fila do INSS e atrasam o atendimento de quem busca atendimento no
órgão.
Em função dos descontos irregulares, os beneficiários
procuram o órgão para cancelar as mensalidades, medida que aumenta a demanda de
trabalho dos servidores e impacta diretamente a fila de espera para
atendimento.
Segundo a auditoria, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o
INSS recebeu 1,9 milhão de pedidos para exclusão das mensalidades ou
bloqueio/desbloqueio dos pagamentos, representando 16,6% do total de requerimentos
que chegaram ao órgão.
Os técnicos estimaram que a conclusão do serviço representa o
equivalente a 49.045 dias de trabalho de um servidor com jornada de 8 horas
diárias.
Além disso, os auditores apontaram que 90% dos requerimentos
descrevem que o beneficiário não autorizou a inclusão do desconto, mas foram
colocados no sistema do órgão para desconto.
"Assim, 1.056.290 requerimentos para excluir
mensalidade, no período de janeiro de 2023 a maio de 2024, poderiam ter sido
evitados se o consentimento do suposto beneficiário do desconto associativo
tivesse sido adequadamente colhido, ou seja, se o regramento tivesse sido
cumprido pelo INSS e pelas entidades associativas", concluiu a auditoria.
Impacto financeiro
O relatório também estimou o impacto financeiro dos descontos
irregulares. Segundo a auditoria, o INSS registrou prejuízo de R$ 5,9 milhões
com os custos das operações.
Pelos acordos assinados com as entidades, os custos devem ser
pagos pelas associações, mas diante da falta de contrato direto com a Dataprev,
empresa de tecnologia da Previdência Social, eles são cobertos pelo INSS.
"A Dataprev, por sua vez, confirmou que os custos
decorrentes dessas demandas são pagos pelo INSS, pois não existe contrato entre
a empresa de processamento de dados e as entidades associativas. Além disso,
esclareceu que o custo operacional que a empresa informa ao INSS mensalmente
corresponde a R$ 0,10 para cada consignação e que este valor foi definido pela autarquia”,
concluiu a auditoria.
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