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Queda temporária nas prateleiras, discurso político no Planalto e a conta que logo chega: o efeito perverso do tarifaço contra o Brasil

F5 Conchal e Região

O tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, anunciado pelo presidente Donald Trump, ainda nem entrou em vigor oficialmente, mas já provoca uma série de movimentações econômicas e políticas no Brasil. A medida, que atinge diretamente exportações como café, suco de laranja, carne bovina e mel, deve provocar um efeito imediato de sobra de produtos no mercado interno, forçando uma queda nos preços ao consumidor. É um impacto esperado, já que o Brasil exporta volumes expressivos para os EUA desses produtos: somente em café, por exemplo, os americanos compraram mais de 8 milhões de sacas brasileiras em 2024, o que representa cerca de 20% das exportações totais do setor. Com a barreira tarifária, essa mercadoria tende a ficar no Brasil, provocando um alívio nos preços para o consumidor final, ao menos temporariamente.

O governo Lula deve se movimentar para explorar politicamente esse fenômeno. A tendência é que, assim que os preços recuarem, o Planalto use o fato como um trunfo, dizendo que sua política econômica está garantindo preços mais acessíveis para a população, especialmente para os mais pobres. A narrativa deve reforçar que, enquanto os EUA tentam asfixiar o Brasil economicamente, o governo estaria preocupado em proteger o bolso dos brasileiros. No entanto, especialistas alertam que essa bonança será passageira. O agronegócio brasileiro, embora robusto nas exportações, é extremamente dependente da importação de insumos como fertilizantes, defensivos agrícolas e maquinário, quase todos cotados em dólar. A própria taxa de câmbio já sofre pressão com o anúncio das tarifas, o que deve encarecer esses insumos e aumentar o custo da produção nas próximas safras.


Além disso, o desestímulo imediato aos produtores, que tendem a reduzir investimentos diante do risco de prejuízo, pode provocar uma diminuição da oferta no médio prazo. Ou seja, o que hoje parece uma vitória no preço para o consumidor, amanhã pode se transformar em um novo ciclo de alta. Esse movimento já foi visto no passado em outras crises comerciais. O Brasil, que exportou bilhões para os EUA em 2024, sendo grande parte do agronegócio, pode ver um impacto direto no PIB, estimado entre 0,3% e 0,4% de queda, caso o tarifaço seja mantido por mais de seis meses. O governo Lula promete retaliar com a Lei da Reciprocidade Econômica, mas ainda estuda o alcance e o impacto de medidas similares sobre produtos americanos.

Enquanto isso, países concorrentes como Colômbia, Vietnã, Argentina e México já se movimentam para ocupar o espaço brasileiro no mercado americano, especialmente em café, carne e suco de laranja. Se não houver uma solução diplomática rápida, o Brasil não apenas perde mercado externo como arrisca ver seu agronegócio pressionado internamente com custos mais altos e margens menores. No final, o consumidor brasileiro pode experimentar um breve alívio no bolso, mas a conta tenderá a chegar mais cedo do que se imagina, com preços voltando a subir à medida que o ciclo produtivo encarecer e a economia sentir os efeitos cambiais e comerciais do confronto com os Estados Unidos.



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