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Suco de laranja brasileiro é alvo da guerra comercial com os EUA

F5 Conchal e Região

O governo dos Estados Unidos anunciou a implantação de uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras, incluindo produtos sensíveis como suco de laranja, café, carne bovina e aviões, com vigência definida para 1º de agosto.

Entre as justificativas fornecidas por Trump, repetida em carta pública e posts nas redes sociais, foi sua insatisfação com o tratamento legal do expresidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal do Brasil, que ele rotulou como caça às bruxas (witch hunt).

Trump reforçou que a medida não se baseia em desequilíbrio comercial, mas em supostos riscos à segurança nacional e objetivos estratégicos mais amplos, incluindo investigações sobre práticas comerciais digitais e transbordo de mercadorias (“transshipping) .

A declaração do diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, Kevin Hassett, reconheceu as fragilidades da justificativa: quando questionado sobre fundamentos legais para impor tarifas em função de processos judiciais estrangeiros, ele citou apenas “vagas preocupações de segurança nacional”, além de metas comerciais mais amplas.

Numa carta endereçada ao presidente Lula, Trump exigiu a suspensão do julgamento de Bolsonaro, o que gerou debates sobre interferência política externa e uso de tributos como instrumento diplomático.

A indústria brasileira já antecipou os impactos: a CitrusBR declarou que a tarifa é “insustentável” para o setor de suco de laranja — produto do qual o Brasil responde por quase 80% do comércio global, sendo cerca de 60% destinado ao mercado americano.


A harsh repercussão já se reflete nos preços dos contratos futuros, com o suco subindo 6% e o café também apresentando alta significativa.

Nos EUA, estima-se que consumidores possam sentir o impacto no café da manhã com aumento nos custos do suco, café e até na carne bovina, onde os preços já estão em patamares elevados.

Do lado brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a medida americana, classificando-a como ataque à soberania do Brasil e interferência inaceitável na independência do Judiciário nacional.

Em entrevista à Record TV, afirmou: “vamos primeiro tentar negociar, mas se não houver negociação, a lei da reciprocidade será colocada em prática”; “se eles vão nos cobrar 50, nós cobraremos 50”.

Lula ainda responsabilizou Bolsonaro e seu filho Eduardo, dizendo que “o expresidente da República deve assumir responsabilidades, pois foi seu filho quem foi lá para influenciar a mente de Trump .Ele também defendeu o STF: “a liberdade de expressão não deve ser confundida com agressão ou prática violenta”.

Lula revelou que criará um comitê com líderes empresariais para “reavaliar a política comercial com os EUA” e afirma que o Brasil está preparado para retaliar, conforme a nova Lei da Reciprocidade Econômica, que lhe confere poderes para impor tarifas equivalentes, restringir importações, investir medidas sobre direitos de propriedade intelectual e até suspender acordos bilaterais se necessário. Ele ressaltou que “não é como se nós não pudéssemos sobreviver sem os EUA”, alinhando a estratégia de buscar novos compradores e diversificar exportações.

Além disso, senadores como Davi Alcolumbre e Hugo Motta manifestaram apoio à medida, destacando a necessidade de defesa da soberania nacional.

Analistas acreditam que, se a tarifa entrar em vigor, a disputa pode evoluir para uma verdadeira guerra comercial, espelhando os atritos entre China e EUA, com efeitos amplos — desde inflação nos EUA até perda de competitividade dos produtos brasileiros nos EUA e necessidade de realocação de mercados para América Latina, Ásia ou Europa . Há ainda incerteza jurídica: questionamentos sobre a legalidade da medida sob o International Emergency Economic Powers Act (IEEPA) já foram levantados em tribunais americanos.

Trump sustenta que suas tarifas fazem parte de uma política mais ampla iniciada em abril — a chamada “reciprocidade tarifária” — que aplicou taxas de 10% a 50% sobre importações de diversos parceiros globais, com o objetivo declarado de proteger a indústria doméstica, promover a segurança nacional e recompor o déficit comercial.

 Essa estratégia já havia sido aplicada anteriormente sobre China, Canadá, México, União Europeia e outros países — com aumentos de até 145% sobre produtos chineses e seguidos ajustes em mercados estratégicos .

No momento, também há expectativa de que Trump converse diretamente com Lula — em declaração recente afirmou: “talvez em algum momento eu falarei com ele, mas por enquanto não”.

O Brasil, por sua vez, tenta atenuar o impacto até a data de implementação (1º de agosto) e mantém diálogo aberto, embora preparado para acionar a Lei da Reciprocidade se o impasse não for resolvido diplomaticamente.




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