Tarifaço dos EUA contra o Brasil, mesmo antes de entrar em vigor, já cancela mais de 680 toneladas de mel brasileiro e afeta produtores do Nordeste
Um
“tarifaço” anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com
sobretaxas de até 50% sobre produtos brasileiros — incluindo o mel — já começa
a comprometer exportações do Nordeste antes mesmo da data oficial de
implementação, marcada para 1º de agosto.
No Piauí, a
Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), com sede
em Picos, teve uma remessa de 95 toneladas de mel orgânico — avaliada em
aproximadamente R$ 12 milhões — cancelada na tarde de 11 de julho por um
cliente antigo nos EUA, segundo conta o presidente da cooperativa, Sitônio
Dantas.
Cinco
contêineres já aguardavam embarque no Porto do Pecém (CE), com trâmites
aduaneiros concluídos.
A Casa Apis
representa centenas de pequenos produtores nos municípios de Simplício Mendes,
Picos, Paulistana e Itainópolis — ao todo, cerca de 12 mil micro e pequenos
apicultores.
Essa carga
cancelada representa quase 10% da produção anual da cooperativa, reforçando o
impacto profundo na renda dessas famílias.
O Grupo
Sama, maior exportador brasileiro de mel orgânico, também registrou o
cancelamento de uma remessa de 585 toneladas, estimada em US$ 2,16 milhões
(cerca de R$ 12 milhões), afetando não apenas produtores piauienses, mas vários
nos estados do Nordeste inclusive Maranhão e Bahia.
Essa carga
represada equivalia a 30 contêineres, cada um com custo de cerca de US$ 72 000,
gerando perdas vultosas com armazenamento e riscos de desvalorização.
O Piauí já
se destaca como um dos maiores polos de produção e exportação de mel orgânico
do mundo, com cerca de mil toneladas embarcadas no primeiro semestre de 2025 e
expectativa de dobrar esse volume até o fim do ano, mas o cenário desfavorável
de produção — descrito como a “pior safra de todos os tempos” nos últimos três
anos — agrava ainda mais a preocupação.
Com o
anúncio do tarifaço, compradores americanos suspenderam outros contratos em
andamento. “Nossa representante nos EUA está em contato com os compradores,
tentando reverter a situação com base na parceria de longa data”, defende
Sitônio.
Mesmo com a
busca por mercados alternativos — Europa ou Oriente Médio —, esbarra-se em
burocracias, certificações específicas e custos logísticos elevados
O impacto
imediato recai sobre a agricultura familiar, afetando sustento de centenas de
milhares de pequenos produtores cujo principal canal de comercialização está em
xeque.
Além disso,
há risco de desestruturação da cadeia apícola local, com prejuízos acumulados
de armazenagem, capital de giro e queda de produção.
O “tarifaço”
de Trump, anunciado sem prévio aviso formal, levou exportadores a adiarem
embarques já prontos, causando efeitos antecipados na cadeia produtiva.
Organismos
do setor apelam por reação diplomática rápida do governo brasileiro para
mitigar os danos.
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