Como surgiu o Dia dos Namorados no Brasil e no Mundo
O dia dos namorados ou dia de São Valentim, como é chamado
em alguns países, é uma das principais datas comemorativas do planeta. A troca
de presentes e mensagens entre os casais aquece o comércio e gera cifras
colossais em diversos países. No entanto, a celebração nem sempre foi ligada ao
comércio. A festividade tem raízes históricas que remontam aos rituais pagãos
da Roma antiga. De
acordo com a tradição, o dia 14 de fevereiro, data em que o dia dos namorados é
comemorado em países como os Estados Unidos, relembra o aniversário de morte de
São Valentim, mártir cristão que provavelmente viveu durante o século III.
Nesse período, o imperador romano Cláudio II proibira os casamentos, por
acreditar que os homens solteiros e sem responsabilidades familiares eram
melhores soldados. Valentim se opôs a essa decisão, concedendo as bênçãos
matrimoniais aos jovens noivos de forma clandestina.
A rebeldia do
Santo o levou à prisão e ele acabou decapitado no ano de 270. Durante o período
em que esteve trancafiado, Valentim teria se apaixonado por uma jovem, filha do
carcereiro, com quem manteve um romance secreto. Antes de sua morte, o
religioso lhe escreveu uma mensagem em que assinou “do seu Valentim”, criando
aquilo que se tornaria o primeiro cartão de dia dos namorados.
Dois séculos depois, no ano de 496, o papa Gelásio I
escolheu Valentim como símbolo dos enamorados. No entanto, toda a saga do
mártir é incerta. Há pelo menos três religiosos com o nome de Valentim, dois
deles sepultados em Roma e um terceiro que teria sido morto na África. A
própria Igreja Católica, em 1969, deixou de celebrar o aniversário do santo por
considerar suas origens – e mesmo sua existência – incertas.
Instituto de Arte de Detroit Wikimedia Commons - Cartão do dia de São Valentim impresso em 1886 nos EUA
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Detalhe da obra A Dança da Noiva ao Ar Livre, de Pieter
Brueghel (1566). Os festivais medievais como o São Valentim eram espaços de
quebra das regras morais.
Apesar dessas dúvidas sobre a verdadeira história do
mártir, a data que relembra sua morte se consolidou durante o período medieval,
mas de uma maneira muito diferente da que conhecemos hoje. Ligadas aos rituais
de fertilidade e renovação da terra que remontam ao período romano, as
comemorações do dia de São Valentim eram o momento em que as rígidas condutas
morais impostas pela Igreja Católica eram quebradas. Nestas festividades, as
mulheres casadas reconquistavam as liberdades do tempo de solteiras e ficavam
livres para flertar com quem quisessem, podendo até cometer adultério com a
tolerância dos respectivos maridos.
Instituto de Arte de
Detroit - Detalhe da obra A
dança da noiva ao ar livre, de Pieter Brueghel (1566). Os festivais
medievais como o São Valentim era espaços de quebra das regras morais
Esse tipo de conduta que desafiava o sagrado dever da
fidelidade, foi duramente combatido pela Igreja, especialmente após o século
XVII, durante a chamada Contra-Reforma. Essas tradições se mantiveram por algum
tempo em regiões como Turim e Gênova, mas a partir do século XX já haviam
desaparecido por completo. A partir de então, a comemoração do dia de São
Valentim abandonou suas raízes libertinas e se tornou uma ocasião para as
demonstrações de afeto entre casais de todo o planeta. No Brasil, a história do dia
dos namorados começou em 1949. Na época, o empresário João Dória trouxe do
exterior a ideia de celebrar uma data em homenagem aos jovens casais. No
entanto, a festa passou por algumas adaptações para se
encaixar melhor nas tradições do país. Em primeiro lugar, a referência a São
Valentim, santo nada popular na cultura brasileira, foi abandonada. Em seguida,
trocou-se o dia 14 de fevereiro pelo 12 de junho. A nova data, véspera do dia
do “santo casamenteiro”, Santo Antônio, foi escolhida para que a festividade
pudesse animar o fraco comércio no sexto mês do ano. E deu certo.
Atualizado por Gean Mendes
Fonte: www2.uol.com.br
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