Os candidatos
que concorrem às eleições de outubro ajuizaram ao menos 103 ações em que alegam
serem vítimas de fake news e tentam tirar o conteúdo do ar. O número foi
divulgado pelo Projeto Ctrl+X, da Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (Abraji), que monitora as tentativas judiciais de apagar
informações da internet.
De acordo com
o levantamento, todas as solicitações alegaram difamação, violação à legislação
eleitoral, ou ambos. Foram indeferidos 29 pedidos de exclusão de conteúdo,
enquanto 53 tiveram decisão favorável aos políticos. Entre os casos deferidos,
os juízes determinaram a divulgação dos dados dos acusados em 26 deles,
concederam três direitos de resposta e condenaram os réus ao pagamento de multa
42 vezes. Ainda há 21 processos aguardando decisão.
O Facebook é
a empresa com mais presença nas acusações: figura como ré em 63 processos. Já o
Google responde em 15 reclamações. A maioria dos processos está no Distrito
Federal (16), no Amazonas (13), no Rio de Janeiro (10) e em São Paulo (8).
Entre os partidos que mais se disseram vítimas de fakes news e tentaram retirar
informações da internet estão PSDB (13), PDT (11), PSD (10), MDB (9) e Psol
(9).
Quatro
políticos que concorrem ao cargo de presidente da República aparecem no
levantamento como autores de ações: Ciro Gomes (PDT) ajuizou quatro processos;
Jair Bolsonaro (PSL), três; e Guilherme Boulos (Psol) e Marina Silva (Rede),
dois cada um.
Segundo a
Abraji, as alegações dos políticos nem sempre são realmente casos de
desinformação ou notícias falsas. "Um expediente comum nos processos é
simplesmente dizer que informações negativas publicadas ou postadas sobre os
políticos são falsas, sem comprovar a falsidade dessas notícias",
exemplificam.
Para a
associação, o número alto de processos pode ser consequência de declarações do
próprio Tribunal Superior do Eleitoral no sentido de combate às fake news.
"Como a Justiça Eleitoral trabalha com prazos mais curtos, muitas vezes
não há condições de se examinar a veracidade das alegações. Mesmo assim, a
maior parte dos juízes opta por retirar os conteúdos do ar."
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