Por Ingrid Pereira
Foto: Divulgação
Estudo realizado pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública aponta que 536 mulheres foram vítimas de
agressão física a cada hora em 2018 no Brasil. A pesquisa "Visível e
Invisível - A vitimização de Mulheres no Brasil, divulgada nesta terça-feira (26),
revela também que a maioria das vítimas (52%) de violência doméstica não buscou
apoio de famílias, amigos ou autoridades após sofrer a violencia.
A pesquisadora do Fórum,
Cristina Neme, declara que apesar dos avanços na legislação, os índices de
violência contra a mulher permanecem altos. "Apesar dos retrocessos atuais
na discussão pública sobre gênero, o país avançou na legislação, há uma
história de avanços. No entanto, o padrão da vitimização ainda é alto", fala
a especialista.
As agressões acontecem de diversas
maneiras. Segundo o estudo, 12,5 milhões de mulheres sofreram ofensas verbais,
como insulto, humilhação ou xingamento, 4,6 milhões (nove por minuto) foram
tocadas ou agredidas fisicamente por motivos sexuais. E 1,6 milhão (três por
minuto) sofreram tentativas de espancamentos ou estrangulamento.
Na grande maioria dos casos,
o perigo está dentro de casa. A observação de especialistas sobre mulheres
vítimas de violência doméstica é assegurada pelos números. A pesquisa mostra
que 76,4% das mulheres que sofreram violência afirmam que o agressor era alguém
conhecido.
As vítimas ainda enfrentam dificuldades para denunciar os
casos
Só 10,3% procuraram uma
delegacia especializada, 8% buscaram uma delegacia comum, 15% procuraram ajuda
da família e 52% não fizeram nada. Os números mostram também que 42% das
agressões ocorrem em casa, 29% nas ruas, 8% na internet, 8% no trabalho e 3% no
bar ou em baladas.
A dificuldade em notificar
é, segundo Cristina, um problema que persiste ao longo dos anos. "É preciso
implementar a legislação e ampliar o atendimento e mecanismos de proteção às
vítimas: desde o encaminhamento às assistências de saúde, garantia de abrigos
até a garantia das medidas protetivas na Justiça."
A pesquisa também mapeia o
entendimento da população sobre a violência contra a mulher: 59% da população afirmam
ter visto uma mulher sendo agredida física ou verbalmente no último ano, 37% presenciaram
homens praticando humilhações, ofensas ou xingamentos contra ex-companheiras, 28%
assistiu mulheres que residem na vizinhança sendo agredidas e 20% observaram
meninas da vizinhança sendo agredidas.
Cristina explica que em anos
anteriores a violência contra a mulher era tratada em uma esfera privada. “As
pessoas não se intrometiam”, diz. “Hoje é uma questão pública, mas ainda assim
as pessoas se omitem. É preciso ganhar espaço no enfrentamento do problema.”
Fonte: R7
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