Deputado Cauê Macris (PSDB) grava vídeo justificando os fatos. Assista...
Leia Matéria publicada hoje 27/02/2019 no Jornal Estadão
Conteúdo: Jornal Estadão
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O presidente da Assembleia
Legislativa de São Paulo, Cauê Macris (PSDB) Foto: AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO
Empresa do deputado estadual
Cauê Macris (PSDB) não aparece na relação de fornecedores de campanha declarada
à Justiça Eleitoral
O presidente da Assembleia
Legislativa de São Paulo (Alesp), Cauê Macris (PSDB), repassou R$ 266 mil de
sua campanha a deputado estadual em 2018 para o posto de gasolina do qual é
sócio, na cidade de Limeira, no interior paulista. Ao todo, o tucano recebeu R$
751,3 mil na eleição, sendo que R$ 195 mil foram do fundo eleitoral, que é
constituído por dinheiro público.
Extratos bancários anexados
à prestação de contas de Cauê no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que
235 cheques emitidos pela campanha do deputado estadual por meio de duas contas
eleitorais abertas no Banco do Brasil foram compensados pela empresa Posto
União de Limeira Ltda., na conta que ela possui em uma agência do Bradesco em
Americana. Esta é a cidade onde o tucano iniciou a carreira política e concentra
seu reduto eleitoral.
A empresa foi aberta por
Cauê e pelo empresário Thiago de Freitas Akim em setembro de 2012 e opera um
posto de combustível que fica no km 134 da Rodovia Anhanguera, em Limeira,
vizinha de Americana, na região de Campinas. Em sua declaração de bens enviada
à Justiça Eleitoral, o deputado declara ter 50% da sociedade, o que equivale a
R$ 125 mil em quotas.
Apesar de o valor recebido
ser o maior gasto da campanha do parlamentar tucano, a empresa não aparece na
relação de fornecedores declarada ao TSE. A líder do ranking informado pelo
deputado é a gráfica Formulários Covolan Ltda., que recebeu R$ 150,9 mil pela
impressão de adesivos, informativos e santinhos. Na lista aparecem apenas dois postos
de gasolina, que receberam, juntos, R$ 5 mil da campanha do candidato.
O tucano afirmou por meio de
nota enviada ao Estado que usou a própria empresa para “facilitar o pagamento
dos cabos eleitorais” que trabalharam na campanha no interior e ressaltou que a
prestação de contas foi aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Dois
especialistas em direito eleitoral que pediram para não ser identificados
disseram, contudo, que a prática é “ilegal” e dá margem para uma investigação
criminal sobre possível desvio de recursos da campanha.
Transações. Segundo os
extratos bancários registrados no TSE, 84 cheques emitidos pela campanha de
Cauê foram compensados em um único dia pela empresa dele: 28 de setembro de
2018. Os papéis somam R$ 120,5 mil. A transação ocorreu um dia depois de a
campanha receber R$ 170 mil do fundo eleitoral do PSDB por meio de uma
transferência bancária feita pela campanha do deputado federal Vanderlei Macris
(PSDB), pai do presidente da Alesp.
Outra leva de cheques da
campanha foi compensada pela empresa do parlamentar em outras quatro datas,
entre 1.º e 19 de outubro. Os valores variam de R$ 300 a R$ 5 mil. No mesmo
endereço do posto de gasolina, em Limeira, funciona uma empresa de
administração de imóveis aberta em maio do ano passado pelo deputado e pela
mulher dele. O tucano ainda é sócio de uma churrascaria na região.
Documento
Prestação de contas do
presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB), no TSE mostra que o deputado estadual
repassou dinheiro da campanha para empresa da qual é sócio
Na relação de fornecedores
divulgada pela campanha do tucano aparecem, além de empresas que fazem
impulsionamento de conteúdos na internet, cerca de 300 pessoas físicas que
teriam sido contratadas como cabos eleitorais ou para prestar serviços não
especificados no documento. Segundo a prestação de contas final entregue à
Justiça Eleitoral no dia 22 de novembro, o presidente da Assembleia gastou R$
334 mil em “despesas com pessoal” durante a eleição.
De acordo com o deputado
estadual, parte desses militantes foi paga pela empresa dele com recursos da
campanha. Os analistas ouvidos pelo Estado afirmaram que o uso de empresas como
intermediárias é “proibido pela lei eleitoral” e que “causa estranheza” a
prática ter sido utilizada por um presidente da Assembleia, que já disputou
cinco eleições.
Alesp. Hoje com 35 anos,
Cauê iniciou a carreira política se elegendo vereador de Americana, em 2004,
pelas mãos do pai, que já foi presidente da Alesp. No ano passado, o tucano foi
reeleito para o terceiro mandato consecutivo no Legislativo paulista, do qual é
presidente desde 2017 e o favorito para se reeleger no comando da Casa na
eleição em 15 de março.
O Estado mostrou que nove
funcionários comissionados da Alesp, entre assessores, diretores e até o secretário-geral
de administração, doaram R$ 103,5 mil para a campanha de Cauê. Seis
transferências foram feitas no mesmo dia. As contribuições variaram entre R$ 4
mil e R$ 20 mil, mais do que o tucano gastou na própria campanha: R$ 1,8 mil. O
caso deve ser investigado pelo Ministério Público Estadual, que recebeu
anteontem uma representação de um deputado do PSL, adversário do tucano na
eleição da Mesa Diretora.
Deputado diz que usou empresa para ‘agilizar pagamento’
Posto União de Limeira, na
Rodovia Anhanguera, do qual o presidente da Assembleia Legislativa de São
Paulo, Cauê Macris (PSDB), é sócio Foto: DENNY CESARE / ESTADÃO
O presidente da Assembleia
Legislativa de São Paulo (Alesp), Cauê Macris (PSDB), afirmou, por meio de
nota, que repassou dinheiro da campanha para a própria empresa “para facilitar
o pagamento dos cabos eleitorais” que trabalharam pela sua reeleição.
Segundo a assessoria do
tucano, como a agência bancária da conta de campanha ficava na capital e muitos
cabos eleitorais contratados eram do interior e não possuíam contas, o deputado
“utilizou de maneira totalmente transparente e legal” a empresa Posto União de
Limeira, da qual é sócio, “para descontar cheques e garantir a agilidade do
pagamento aos trabalhadores”.
A nota destaca ainda que “os
cheques foram nominais, os colaboradores tiveram contrato de trabalho, foram
pagos e assinaram recibo”. Afirma ainda que a prestação de contas foi aprovada
pela Justiça Eleitoral e que todo material de campanha “está à disposição da
reportagem”.
Sobre as transferências que
somam R$ 103 mil feitas por funcionários da Alesp à campanha, a assessoria de
Cauê diz que “todas as doações realizadas foram feitas de forma voluntária
obedecendo aos limites legais”.
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