O Ministério Público, por
meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), começou
no dia 12 de março em Rio Claro, a Operação Passe Livre, resultante da
investigação que teve por objetivo apurar fraude e corrupção em contratos de transporte
público feitos entre 2013 e 2016 pelo município e a empresa Rápido São Paulo Transportes e Serviços
Ltda. Também houve apuração de atos de ‘’ lavagem’’ de dinheiro.
João Carlos Kenji Chinen, sócio proprietário da empresa Rápido São Paulo, e Fabio
Luiz Queiroz, operador financeiro do empresário, tiveram a prisão preventiva
decretada. A justiça também aprovou o pedido de indisponibilidades de bens e o
confisco de veículos e imóveis que estão no nome dos investigados. Foram
cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em residências e empresas, a maioria
delas em Rio Claro, mas também houve buscas em Sumaré, na capital paulista e no
município baiano de Camaçari.
No decorrer da investigação,
o Gaeco apurou que Chinen, obteve e fez uso de documentos falsos na renovação
de contratos derivados do contrato de concessão dos serviços de transporte
público urbano no município de Rio Claro, acordados
mediante processos de inexigibilidade de licitação. Os documentos falsos tinham
o objetivo de simular a regularidade fiscal da empresa durante o período de
renovação dos contratos.
Os contratos renovados
visavam, por exemplo, à concessão de vale-transporte para deficientes físicos,
para idosos e para servidores públicos municipais. Através do uso de certidões
falsas, a empresa renovou contratos que lhe permitiriam receber dos cofres
públicos municipais mais de 15 milhões de reis no período do contrato. Apurou-se,
entretanto, que no mesmo período, o município de Rio Claro pagou à mesma
empresa mais de 87 milhões de reais em razão de contratos de transporte
coletivo.
As investigações também
comprovaram que Japyr de Andrade Pimentel Porto, ex-secretário da Fazenda de
Rio Claro, proporcionou a obtenção de parte destes documentos falsos à empresa,
o que viabilizou várias renovações contratuais. Em troca, Porto recebeu vantagens
ilícitas por meio da aquisição de um imóvel residencial e também por meio da
prestação de serviços de corretagem de seguros em favor da empresa e de seu
sócio. A filial de uma corretora de seguros foi aberta em Rio Claro, sendo de
fato comandada pelo então secretário e sua esposa.
Por fim, a investigação
apurou que, para viabilizar o pagamento da propina ao então secretário da
Fazenda, o dono da Rápido São Paulo destinou recursos para a conta corrente de
uma terceira pessoa, mas que era administrada por Queiroz, genro da titular da
conta corrente. Ele criou uma empresa em nome de seus filhos e, por meio dela,
adquiriu e posteriormente vendeu o imóvel ao então secretário municipal.
Comprovou-se que a venda foi formalizada por valor 50% inferior ao de mercado.
As investigações revelaram
inúmeras transações financeiras que indicam atos de lavagem de dinheiro, que
serão objeto de investigações nas próximas etapas da mesma operação.
Durante a Operação Passe
Livre, foram apreendidos dois veículos, sendo um de Chinen (Toyota/SW4) e outro
de Queiroz (Ford/Ranger), além de diversos aparelhos celulares, notebooks,
documentos e papéis indicativos de constituição de empresas, transações
financeiras e imobiliárias e outras atividades potencialmente ilícitas. Esse material
será analisado em conjunto com outras provas já existentes visando a
identificar outros atos de lavagem de dinheiro.
Os suspeitos foram
denunciados pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso, lavagem
de dinheiro e corrupção passiva e ativa.
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