Recordar é Viver... Nesta entrevista FRANCISCO MAGNUSSON FILHO compartilha um pouco da história da nossa cidade
Em homenagem ao aniversário
de 70 anos de Conchal, o F5 replicou a entrevista feita com Francisco Magnusson
Filho e a esposa Leonilda Maiochi Magnusson, filho do primeiro prefeito de
Conchal e pai do atual (Vando Magnusson).
Francisco Magnusson Filho e a esposa Leonilda Maiochi Magnusson. |
Francisco Magnusson Filho e sua
esposa contam um pouco da história da nossa cidade. O poema “Conchal” do ano de 1967, do Autor
Marcondes Verçoza, também fez parte desta homenagem. Confira!
Em 4 de abril de 2016 fomos conversar
com o Francisco Magnusson Filho, filho do primeiro prefeito da cidade de
Conchal (Francisco Magnusson) para saber um pouco da história da nossa cidade
sob o ponto de vista de quem vivenciou. Acompanhado de sua esposa e companheira,
Leonilda Maiochi Magnusson, Francisco
relatou ao F5 as lembranças de quando a cidade de Conchal foi emancipada
politicamente.
Na
ocasião, ele mencionou que na época da emancipação política de Conchal ele
tinha apenas 16 anos, mas mesmo tendo pouca idade recorda muito bem que
auxiliou o pai - que na época era prefeito recém- eleito - a implantar a
primeira linha telefônica no município, fato que lhe marcou muito. Enfatizou
que toda a documentação legal, bem como todo o trabalho bruto de colocação de
postes, estiramento dos fios para ligação da linha até o município de Mogi
Mirim, foram feitos por seu próprio pai com auxílio de alguns amigos, isso
porque o município não possuía de mão-de-obra suficiente para realizar as
benfeitorias na cidade.
Quando
se candidatou a prefeito, o pai dele era aposentado da guarda civil e na época Conchal
não tinha mais que 4 mil habitantes. Lembra que mesmo no centro da cidade,
existiam pouquíssimas casas e a prefeitura dispunha como condução de apenas 01
carroção, 01 burro,01 charrete e 01 égua. Continua o entrevistado dizendo que
somente a abertura da estrada rural da Piraporinha até a atual rodovia levou
quase um mês para ser concluída. Nesta época o pai dele retornava pra casa somente
aos finais de semana.
Francisco
enfatiza ainda que seu pai, quando eleito prefeito, tinha muitos projetos para
a cidade. Em seu mandato construiu 03 escolas rurais praticamente sem dinheiro.
Que uma das escolas foi construída em Pádua Sales, outra próximo a Tujuguaba e uma
terceira na Lagoa Seca. Lembra que na última escola seu pai iniciou as obras,
mas ficou sem dinheiro para colocação das portas e vidros, foi quando seu pai o
recrutou para trabalhar na conclusão da obra na escola. Conta o conchalense que
nessa época trabalhava para o Sr. Primo Rebessi, quando o pai pediu ao Sr.
Primo para que o liberasse por 15 dias para trabalhar na obra e concluir o
projeto.
Perguntado
quanto à estrutura pública do município, o Sr. Francisco diz que a sede da
prefeitura sempre foi no mesmo lugar de hoje, porém se tratava de um ranchinho.
No mesmo terreno funcionava a Câmara Municipal e bem ao lado foi criado o
primeiro posto de saúde, onde hoje o prédio é propriedade do Sr. Bordignon.
Quanto às memórias de infância, o
entrevistado nos surpreendeu ao responder: “Não tive infância! Só trabalhava! Fiz o
primário e depois de concluído fui trabalhar com meu pai, que à época
consertava bombas-martelo e eu sempre o acompanhava para aprender os serviços.
Depois aprendi telégrafo. Mas logo fui trabalhar como marceneiro ao Sr. Primo
Rebessi que também era quem emplacava as bicicletas na cidade. Perguntei ao Sr.
Primo quanto iria me pagar e ele respondeu que me pagava apenas roupa e comida.
Trabalhei 15 dias e não ganhei quase nada, mas um tempo depois consegui comprar
uma bicicleta. Eu achava que o Sr. Primo não iria cobrar nada para eu emplacar
a bicicleta, mas cobrou e eu não tinha dinheiro. Foi quando meu pai me deu o
dinheiro dizendo que eu deveria sim pagar pelo serviço, isso para dar o exemplo”(sic).
Questionado porque o pai não seguiu
na carreira política, Francisco menciona que tempos depois do mandato como
prefeito, o pai dele se candidatou novamente, mas não foi eleito. Continua
dizendo que a chapa de seu pai faltava preencher um certo número de candidatos
a vereadores, foi quando aceitou a candidatura a vereador e foi o mais votado
com 81 votos.
Mas para ele, o que marcou mesmo e de
forma inesquecível foram algumas palavras do pai para ele, quando foi eleito
vereador da cidade: “Meu filho, como político a
responsabilidade é grande. A primeira coisa que deve pensar é no teu povo;
segunda, na tua terra(cidade) e, só depois disso, em você”(sic).
Lembra Magnusson que antes do falecimento
do pai, esse o chamou à sua casa e disse ter em mãos um protocolo de São Paulo
para construção de uma Santa Casa para a cidade. Devido à saúde debilitada, seu
pai lhe entregou o projeto e pediu para que ele continuasse com mais alguns
companheiros.
Que o entrevistado, vereador à época, criou uma diretoria que
contava com Alfredo Madeira Campos, Jaime Sommer, Nelson Cunha, Mario Zanchetta
e Sérgio Archangelo (os dois últimos da oposição) e ele próprio como
tesoureiro. Criou-se assim o hospital da cidade que, segundo o entrevistado, se
deu com muito trabalho árduo e sacrifícios, mas que conseguiram concretizar o
projeto no terreno doado pelo Sr. Mario Zanchetta.
Perguntado
de como vê a cidade nos dias de hoje, Magnusson responde: “Pra te falar a
verdade, do jeito que está hoje eu sinto vergonha de ser conchalense. Como
conchalense nascido e criado aqui, tenho vergonha das atuações dos políticos.
Não há mais idealismo! Acabou isso. Antes a política era movida pelo idealismo;
hoje, por dinheiro. À época vereador não ganhava nada, meu primeiro salário
como vereador recebi quando fui eleito na chapa do Sr. Bento Ferreira.
Trabalhávamos mesmo por orgulho!”(sic).
Em considerações finais, o
ex-vereador e filho do primeiro prefeito de Conchal conclui: “Gostaria de
parabenizar o povo conchalense por mais um ano de vida da cidade. Desejo que os
novos vereadores que virão, entre com mais responsabilidade amor e dedicação,
logo, pensando no que meu pai me disse, primeiro teu povo, segundo tua terra
(cidade), e só depois você. Gostaria muito que todo mundo pensasse assim. Se
todos os candidatos pensassem dessa maneira Conchal seria outra”(sic).
Como
homenagem à cidade, ele enfatizou que o segredo para uma boa administração,
está em preservar a simplicidade, humildade e sem espaço para ignorância. Mais
do que compartilhar um pouco da vivência que teve na cidade, ele nos concedeu
um lindo poema da década de 60, no qual o autor retrata também a história do
município e das famílias pioneiras conchalenses, poema este que publicamos abaixo.
“Conchal”
Autor Marcondes Verçoza (1967)
CONCHAL! Cidade querida, que
palmilha, em sua lida, luminosa trajetória, meu rincão tão pequenino, que já
conta em seu destino, mais um século de história!
CONCHAL! de eternas legendas! Das
três antigas fazendas: Nova Zelândia, Ferraz, e Leme.... Dos pioneiros, com
seus ideais altaneiros, buscando trabalho e paz!
dos Pulz, dos Filipinim,dos Guidoti,
dos Barbosa, de tanta gente famosa, que a tradição bem defini!
CONCHAL! das glebas natais, dos dois
núcleos coloniais: Visconde de Indaiatuba, e Conde de Parnaíba! Do clima que
aqui se liba,da terra que aqui se aduba!
CONCHAL! do histórico evento, das
obras de saneamento, de uma luta sem quartel; da campanha extraordinária, pela
extinção da malária; do heroico doutor Fessél!
Imagens Acervo Municipal publicado no
Facebook : Idealização Renata Bertão
CONCHAL! da inauguração, da nossa
antiga Estação; da alegria provinciana; da ferrovia que vence, da remota
Funilense, que é hoje a Sorocabana!
CONCHAL! que vai para a frente; seus
dois núcleos, num somente, reúne, por bom conselho; formando um novo distrito,
saudável, fértil, bonito, de nome Engenheiro Coelho!
CONCHAL! que ama a liberdade, luta
para ser cidade e alcança a meta final; realizado o plebiscito, emancipa-se o
distrito: é Município CONCHAL!
CONCHAL! dessa grande data, da
esperança que retrata seu vosso vigor primaveril! Cumprindo todos os planos, completa
dezoito anos no dia 09 de abril!
CONCHAL! da fé que reluz, do Coração
de Jesus, seu padroeiro adorado! Da capelinha que viça, da nossa primeira
missa, do Padre Chico Machado!
CONCHAL! de esplêndidos brilhos, da
bravura de seus filhos, de tudo que vem depois: do destino rude e amargo do
grande Alonso Camargo, um herói de trinta e dois!
CONCHAL! da terra e do arado, da paz
de cada povoado; Pádua Sales, Tujuguaba...
Do Mogi Guaçu famoso que, em seu bojo
caudaloso, tem peixe que não se acaba!
CONCHAL! que a gente desvendada
pitoresca fazenda, do velho Sebastião Corte! Do ribeirão do Ferraz, deixando
léguas pra trás, a rolar no rumo norte...
CONCHAL! que vibra e palpita! dos
bairros de Santa Rita, Serra Velha, Aparecida, Piraporinha, Botoso, Lagoa Sêca, Cardoso...num labor que é
a própria vida!
CONCHAL! do doce acalanto que paira
por todo canto, da natureza divina!
Do majestoso proscênio, que é a
chacra do seu Arsênio, com uma linda piscina!
CONCHAL! do sol e da chuva, da
cachoeira da viúva, que se vê não se define! Do pessoal que faz responso, Do
sítio do João Alonso, da chacra do Guadanini!
CONCHAL! da nossa Barrinha, onde um
bom grupo se anima, pela pesca fascinado, e ali por horas se queda, do Zé
Maiochi, do Nêda, do Zancheta e João Machado!
CONCHAL! do gado bovino; do retiro do
Firmino! Do Fabiano com seu pito! Do antigo bar do Bonon, do nosso vice Mazon; do
mandiocal do Carlito!
CONCHAL! sincero e feliz: da austera
Igreja Matrix; do improvisado Coreto! Da turma que gira à-toa, Pela rua João
Pessoa, Pela Praça Dom Barreto!
CONCHAL! de seus lugarzinhos: Lá do
Bosque dos Cedrinhos, em romântica vigília, De outros locais, com seus fracos. Dos
pequeninos barracos da nossa nova Brasília!
CONCHAL! que luta e se expande: Do
Simôso e do João Grande, Mandioqueiros de valor! Da gente sincera e franca: Do
armazém do seu Pianca, Um homem trabalhador!
CONCHAL! nobre e hospitaleira, que a
desfraldada bandeira, do progresso agora empunha! Da grande operosidade, do
prefeito da Cidade,o nosso Nelson da Cunha!
CONCHAL! que tem rara: do seu Gregório
Bechara, o historiador da região! Dos clubes com seu proêmio: Dos “rapacocos”
do Grêmio, Dos “bodes” da Associação!
CONCHAL! da loja do Léo; do Armando
Batel com seu jeitinho conciliador...das roupas do Liberato; do cinema do
Bronzato; do Calango vereador!
CONCHAL! do Juca barbeiro; do bar do
Adías brejeiro, onde tudo tem seu eco, do caso sério à anedota! Do popular João
da Bota, Com seu famoso Buteco!
CONCHAL! que aguenta orebate: Do Liberato alfaiate! Lá do bar da
Associação! Do Jorge Paulo querido; do Oscar Pedro, conhecido inspetor de
quarteirão...
CONCHAL! da dona Luzia; Do Manuel da
padaria, Que de tudo entende um pouco! Da turminha que se espalha, na antiga
rua da Palha, na velha rua do Tôco...
CONCHAL! da turma discreta: do Zé
Nogueira poeta; do Durval Blásque chofer! Do prêto Amadeu Santiago que lá vai,
de trago em trago, A rezar e a se benzer...
CONCHAL! é a nossa cidade, que ganhou
notoriedade, porque luta, porque vence; porque seu povo capaz tudo pode, tudo
faz, pela Terra Conchalense!
Recordar é viver ! Maravilhoso !
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