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Abuso sexual no ginecologista: aprenda a reconhecer procedimentos que jamais deveriam ocorrer em consultas

Tema veio à tona depois que médico do Ceará foi denunciado. Ele fazia 'exames' com a paciente de costas, por exemplo, o que especialistas dizem que não existe.

Matéria: ‘O GLOBO’ 

Determinadas posições e procedimentos, como colocar a boca no mamilo da paciente para ver se tem secreção, não são nem um pouco adequados para uma consulta ginecológica Foto: Arte de Nina Millen

Mais um caso escandaloso de violência contra a mulher veio à tona nos últimos dias. O médico José Hilson Paiva, que atuava como ginecologista no Ceará, foi denunciado por seis mulheres ao Ministério Público por abuso sexual, conforme revelou o "Fantástico", da TV Globo. O médico não apenas abusava das pacientes, como também filmava esses atos sem autorização das pacientes — mais de 63 vídeos já foram apresentados às autoridades. As denúncias vêm desde a década de 80.

Nas imagens, é possível ver Paiva colocando a boca nos seios das mulheres, sob o pretexto de de conferir se havia secreção. Outras vezes, ele as posicionava de costas durante a realização de "exames", por exemplo. No último dia 19, ele foi preso pela Polícia Civil em Fortaleza e perdeu o registro médico (CRM).

Nos relatos das vítimas, boa parte delas diz que não sabia que estava sendo violentada. Algumas jamais tinham ido a um ginecologista, desconhecendo os procedimentos que deveriam ser realizados.

Por isso, a equipe de CELINA conversou com a ginecologista Isabela Correia para saber o que pode e o que não pode durante uma consulta ginecológica.
A médica ressalta que, em qualquer momento da consulta, é direito da mulher pedir o acompanhamento de uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem, um parente ou amigo. A decisão pelo acompanhamento e por quem a acompanhará é exclusiva da paciente.

Veja abaixo, separadas por tópicos, quais técnicas são de fato médicas e quais não são.

Análise das mamas

Segundo Isabela, o exame nas mamas pode ser feito com ou sem luva. No entanto, o médico jamais deve usar a palma da mão no exame, nem apertar a mama. Isso porque as pontas dos dedos — única parte das mãos que deve ser usada nessas situações —  tem maior sensibilidade.

— O toque com a palma da mão é algo mais sexual, não existe. Você usa a ponta dos dedos para sentir nódulos e outros aspectos — explica Isabela.

Além disso, para nenhum exame é necessário o uso da boca. Logo, procedimentos como o de José Hilton Paiva jamais deveriam ocorrer.

— Primeiro, é uma questão de risco de contaminação. O médico não sabe que secreção é aquela. Depois, porque nenhum diagnóstico é feito pelo paladar — ressalta a médica. — Alguns diagnósticos são dados pelo olfato, apenas. Mas isso não significa que o médico vai aproximar o rosto do seu corpo. Em caso de corrimento, por exemplo, ele vai colher o material e, aí sim, vai cheirar, se achar necessário.

Nudez e posições

De acordo com Isabela, nenhum exame ginecológico exige a completa exposição do corpo da mulher.

— Você não examina a genitália e a mama ao mesmo tempo, por exemplo. A paciente pode sempre permanecer com uma peça de roupa. Até durante o exame de mama eu posso expor só a mama que eu estou examinando. A não ser que seja um exame visual, que ocorre também. Nessa situação, o médico não precisa ficar muito tempo analisando a paciente.

Além disso, destaca a especialista, a mulher não precisa ficar de costas ou de quatro em nenhum momento da consulta. Até exame na região anal, quando necessário, pode ser feito na posição ginecológica — que é deitada de barriga para cima, com os joelhos dobrados e afastados.

Toques e penetrações

O exame com toque é normal em consultas ginecológicas. No entanto, há algumas questões técnicas que diferenciam o toque médico na genitália de um abuso sexual.

— O exame de toque é feito com o dedo indicador e o médio, sendo necessário em algumas situações o toque bidigital (com o indicador e o do meio). Durante o exame de toque, nunca é realizado estímulo clitoriano. O médico não tem contato com essa região — ressalta Isabela Correia.

A penetração com os dedos também pode ser feita em alguns casos. A colocação de um ou no máximo dois dedos é feita para avaliação de útero, ovários e pelve. Mas nunca com mais do que dois dedos (indicador e dedo médio). E não é um exame absolutamente necessário.

— Na paciente virgem, por exemplo, você não precisa introduzir nada, nem um cotonete.

Durante o uso do espéculo — instrumento usado para dilatar cavidades como vagina e ânus —, o dedo não deve ser introduzido no corpo da mulher. Às vezes, o uso de outras ferramentas é necessário, como uma escova para coletar o material para exame preventivo.

Além disso, segundo Isabela, o exame de toque retal raramente é feito.

— Eu nunca fiz esse exame em um consultório. Normalmente, não é feito nessa ocasião. Só fiz exame retal uma vez, de emergência, em um ambulatório.

No consultório

No momento da consulta em que médico e paciente estão sentados à mesa conversando sobre queixas ou dúvidas ginecológicas que ela possa ter e possíveis diagnósticos, o médico não precisa ter contato físico com a paciente. Se for pedido para ela retirar a roupa ou mostrar uma parte do corpo em qualquer momento fora da situação de exame, a paciente pode questionar.

— A consulta é dela — destaca a ginecologista Isabela Correia. — Em nenhum momento ela precisa continuar na consulta se estiver se sentindo desconfortável. Nunca duvide do seu instinto de desconforto.


Além disso, é claro, em momento nenhum o médico precisa mostrar a genitália dele. Isso configura assédio sexual.

A paciente também não deve fechar os olhos durante a consulta, mesmo que isso tenha sido pedido pelo médico. Não há justificativa médica para pedidos como este.

Filmagem

Consultas nunca devem ser filmadas sem a autorização da paciente. Caso haja necessidade de realizar algum registro de imagem, a paciente deve autorizar, e a sua identidade deve ser totalmente preservada.


— Filmar ou fotografar dentro da consulta somente com a autorização da paciente. Jamais a sua identidade pode ser exposta. Aquela paciente não deve ser reconhecida de jeito algum — destaca Isabela.




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