Foto: Fernando
Medina/Reuters
O governo federal pretende
editar em agosto uma medida provisória alterando o Programa Mais Médicos e
reincorporando profissionais cubanos. Eles tiveram de sair do programa com o
rompimento do acordo de colaboração entre Brasil e Cuba, mas a ideia é que
voltem a trabalhar na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) por um
período de dois anos. Terminado esse prazo, precisarão revalidar o diploma.
A estimativa é de que 2 mil
dos 8 mil profissionais que vieram para o Brasil permaneceram aqui depois do
fim do acordo, muitos na esperança de serem readmitidos no SUS.
Cerca de 700 médicos têm a
situação regularizada, porque se casaram com brasileiros. Somente os cubanos
que trabalharam no Mais Médicos e permaneceram no País teriam direito à
reincorporação, por meio de um credenciamento.
O esboço da nova proposta
deverá ser apresentado a parlamentares esta semana. O cronograma prevê também
conversas com secretários estaduais e municipais de Saúde. A meta é ter um
projeto bem definido, que não dê margem a desgastes e tenha uma tramitação rápida
no Congresso Nacional.
Embora boa parte da proposta
já esteja alinhavada, há ainda alguns pontos a ser definidos. Entre eles está o
novo nome do programa. A avaliação no governo é de que o Mais Médicos se
transformou em uma marca do governo de Dilma Rousseff.
A iniciativa foi lançada em
2013, como uma resposta às manifestações de rua daquele ano e também a
reivindicações feitas por prefeitos. Eles reclamavam da dificuldade em manter
profissionais atuando em regiões distantes.
Além da garantia do posto
preenchido, o programa trazia outro benefício para os gestores: o alívio
orçamentário. Os salários dos profissionais eram pagos integralmente pelo
governo federal. Cabia às prefeituras arcar com as despesas de moradia e
alimentação do profissional.
O rompimento do acordo de
cooperação, em novembro, foi uma iniciativa de Cuba, mas em resposta às
críticas feitas pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro. O presidente
chegou a comparar os profissionais que vinham atuar no País a escravos. No
programa de governo apresentado durante as eleições, o então candidato afirmava
que encontraria uma solução para os profissionais, a quem chamou de
"irmãos."
O acordo de colaboração era
feito em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Pelo
estabelecido, o pagamento dos profissionais era entregue ao governo de Cuba,
que repassava uma parte para os profissionais. A explicação, na época, era de
que o pagamento ficava retido na ilha para financiar os benefícios concedidos
aos profissionais.
Com o fim do acordo de
colaboração, anunciado em novembro, várias tentativas foram feitas para
preenchimento das vagas com médicos brasileiros formados no Brasil e, em outra
etapa, com brasileiros formados no exterior. Mas prefeitos e governadores
admitem que vazios assistenciais persistem. Médicos respondem aos editais, até
se mudam para as cidades escolhidas, mas após um curto período desistem do
posto, em troca de pontos mais próximos dos centros urbanos.
Comentários
Postar um comentário
Olá, agradecemos a sua mensagem. Acaso você não receba nenhuma resposta nos próximos 5 minutos, pedimos para que entre em contato conosco através do WhatsApp (19) 99153 0445. Gean Mendes...