Materiais de plástico e
restos de cigarro representam mais de 90% dos resíduos encontrados no ambiente
marinho brasileiro, segundo diagnóstico divulgado hoje (4) pela Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Ambos
correspondem a 52,4% e 40,4%, respectivamente, do número de objetos coletados.
Dados internacionais mostram
que, no exterior, os materiais plásticos também são os mais recolhidos em
ambientes marinhos (45,5%), seguidos das bitucas e filtros de cigarro (28%).
O estudo aponta ainda que as
áreas de ocupação irregular, os sistemas de drenagem e a orla das praias são as
principais fontes de vazamento de lixo para o mar. Para o presidente da
Abrelpe, Carlos Silva Filho, a partir do diagnóstico, é preciso desenvolver
ações para evitar a poluição do mar.
“O primeiro ponto que a
gente percebe é que muitos desses resíduos vêm das áreas de ocupação irregular,
então esse seria o ponto de atenção prioritária que deve ser verificado no
sentido de disponibilizar melhor infraestrutura de coleta desses materiais
nessas áreas e engajar a população para que realmente esses resíduos não sejam
lançados no mar”, disse.
Coleta nas praias
Ele ressalta que é
necessário disponibilizar também melhor infraestrutura de coleta nas praias,
para que usuários não lancem resíduos na areia.
A entidade apresentou
indicadores internacionais mostrando que 80% do lixo marinho têm origem no
ambiente terrestre. Diante disso, a Abrelpe abriu edital hoje para selecionar e
trabalhar em parceria com quatro municípios da costa brasileira visando evitar a
poluição do mar.
O edital faz parte do
projeto de prevenção e combate à poluição marinha, coordenado pela Abrelpe,
fruto de um acordo de cooperação com a ISWA (Associação Internacional de
Resíduos Sólidos), com apoio da Agência de Proteção Ambiental da Suécia.
O objetivo é, além de
identificar as fontes de vazamento do lixo e tipos de resíduos encontrados nos
oceanos, dar assistência técnica aos municípios para o aprimoramento da gestão
de resíduos sólidos em terra, como forma de prevenir o lixo no mar.
“Esse projeto só funciona em
parceria com os municípios, essa é uma premissa fundamental, porque é o
município que tem que disponibilizar essa infraestrutura tanto nas áre“as de
ocupação como nas praias, e o município tem que ser o agente de fomento dessa
conscientização e desse engajamento da população. Isso é fundamental”, disse
Silva Filho.
"Nossa ideia é fornecer
todos os elementos para a cidade, capacitar as cidades e depois que eles possam
desenvolver esse programa de maneira independente”, afirmou.
No Brasil, são 274
municípios costeiros que podem ser fonte de poluição marinha.
Poluição no mar
“Há um grande volume de
resíduos que diariamente sem destinação adequada no Brasil, e acabam sendo
abandonados nas vias públicas, depositados em lixões, em áreas de preservação,
e terminam no mar, causando todo tipo de contaminação”, disse Silva Filho.
Cerca de 2 milhões de
toneladas de resíduos no país vão parar nos oceanos todos os anos, segundo
levantamento da Abrelpe a partir dos dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no
Brasil 2017.
Esse volume equivale a
cobrir 7 mil campos de futebol ou encher 30 estádios do Maracanã da base até o
topo.
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