Queda do CDS do Brasil tem sido uma das mais rápidas
entre os países emergentes.
Com a aprovação da reforma da
Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados e a previsão de que o
texto passe em segundo turno sem dificuldades, a percepção de risco do
investidor internacional sobre o Brasil caiu para o menor patamar em quase
cinco anos.
O Credit Default Swap (CDS)
de cinco anos, espécie de termômetro do risco país, era negociado ontem em 128
pontos, patamar que não era registrado desde setembro de 2014 - quando o Brasil
era classificado como grau de investimento pelas agências de rating.
Além do avanço na reforma
previdenciária, contribuiu para a redução do risco país o cenário de um mercado
internacional mais calmo, com a perspectiva de queda do juro nos Estados Unidos
e na Europa.
A avaliação do mercado é que
o risco de uma crise fiscal diminuiu, ao mesmo tempo em que reduziu a chance de
haver uma fuga de recursos para os EUA - o que seria provável caso o Federal
Reserve (Fed, o banco central americano) elevasse os juros, como considerava
fazer no início do ano.
"O cenário para os
emergentes é melhor agora. O dólar não vai se apreciar tanto, o que ajuda esses
países. E, uma vez aprovada a reforma, abre um caminho para outras coisas
(reformas) andarem. Podemos começar um círculo virtuoso", disse o chefe de
economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, David Beker.
Para o economista Leonardo
Porto, do Citi, a aprovação da reforma da Previdência num momento de virada no
ambiente externo pode colocar o Brasil numa posição privilegiada. Com a
provável queda do juro americano, a liquidez mundial deve aumentar e os
investidores terão de buscar alternativas. "Esse é o melhor dos mundos
para os emergentes, especialmente para o Brasil", diz Porto.
Ele destaca que a reforma é
importante para ancorar as expectativas das contas públicas, uma condição necessária
para o crescimento. "Mas não é uma panaceia", destaca. Para convencer
os investidores estrangeiros, o Brasil ainda precisa dar sinais de que outras
agendas serão implementadas.
O economista-chefe do
Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, ressalta, porém, que a aprovação
da reforma em primeiro turno, com um número maior de votos do que o previsto,
não garante que outros textos passarão com facilidade. "Foi feito um
trabalho (de articulação política) pela Previdência. A base para outras reformas
não está tão clara", diz.
Na lista de melhorias
necessárias estão medidas para facilitar o ambiente de negócios, reduzir a burocracia
e aumentar a produtividade. Tem ainda a reforma tributária, diz o
economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita. Na avaliação dele, se o País
conseguir dar andamento a essas mudanças, terá vantagem em relação aos demais
emergentes. "Além da agenda de reformas do Brasil ser bem vista pelos
estrangeiros, os desafios dos outros emergentes são mais intensos. Portanto, o
País pode ser beneficiado."
A queda do CDS do Brasil tem
sido uma das mais rápidas entre os emergentes. Em maio, o CDS brasileiro chegou
a encostar em 200 pontos, em meio a ruídos entre o Planalto e o Congresso e ao estresse
no mercado internacional com a tensão entre China e EUA. Há um ano, as taxas
superaram 300 pontos.
Quando a Previdência começou
a avançar no Congresso, em junho, as taxas passaram a cair rapidamente. O
Brasil hoje tem CDS perto do México (115 pontos), país classificado como grau
de investimento. Mas a taxa brasileira ainda está alta em relação a outras
economias, como o Chile (36 pontos) e Colômbia (84 pontos). A exceção é a
Argentina, que em meio à crise econômica e tensão eleitoral, tem taxa perto de
900 pontos.
Conteúdo: ‘InfoMoney’
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