Uma sentença de 40 anos de
prisão por homicídio havia sido exigida na sexta-feira (16) em um tribunal
salvadorenho contra uma jovem que perdeu seu bebê involuntariamente.
Conteúdo: ‘G1’
Uma sentença de 40 anos de
prisão por homicídio havia sido exigida na sexta-feira em um tribunal
salvadorenho contra uma jovem que perdeu seu bebê involuntariamente. Nesta
segunda-feira (19), o juiz inocentou Evelyn Hernandez, 21, que era adolescente
na época em que deu à luz a um bebê natimorto.
A legislação anti-aborto em
El Salvador é uma das mais rigorosas do mundo. O Código Penal prevê uma pena de
dois a oito anos de prisão para os casos de aborto, mas, na verdade, os juízes
consideram a perda do bebê como um "homicídio agravado", punível com
pena de 30 a 50 anos de prisão.
Atualmente, 16 mulheres
estão presas em El Salvador por abortos. Nos últimos meses, cinco mulheres
condenadas por casos semelhantes foram libertadas. Evelyn Hernandez já havia
sido condenada em julho de 2017 a 30 anos de prisão, mas a decisão foi anulada
em fevereiro pelo Supremo Tribunal Federal, após 33 meses de prisão.
“Homicídio negligente”
Hernandez protestou pela sua
inocência no início do julgamento, na quinta-feira (15). O bebê era natimorto,
ela sempre explicava. Para este segundo julgamento, o Ministério Público
salvadorenho mudou sua acusação: Hernandez não é mais acusada de homicídio
agravado com premeditação, mas de homicídio negligente.
"Pedir 40 anos de
prisão é uma loucura real, é uma aberração legal", indignou-se Morena
Herrera, coordenadora de uma Ong salvadorenha que milita pela descriminalização
do aborto. "Esperamos um veredicto de absolvição: não há evidências que
sugiram que Evelyn pretendia acabar com a vida do bebê (...) foi um
acidente", disse Arnau Baulenas, um dos advogados da acusada, antes que
Hernandez fosse inocentada pelo juiz.
Parto no banheiro
O caso remonta a 6 de abril
de 2016, quando a jovem deu à luz a um bebê natimorto em um banheiro.
Transferida para o hospital da cidade de Cojutepeque (centro), ela foi presa e
acusada de homicídio, segundo informou a advogada Elizabeth Deras.
Inicialmente foi relatado
que Evelyn Hernandez havia ficado grávida após um estupro, mas seu advogado
explicou, sem dar mais detalhes, que prefere não mencionar essas circunstâncias
a pedido da jovem que mora em um bairro controlado por gangues: ela pode estar
sujeita a retaliações.
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